em paris, CRISTIANA REALI LEVA os combates de SIMONE VEIL PARA O PALCO

©Pascalito

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – A atriz brasileira Cristiana Reali está de volta aos palcos franceses após uma longa pausa forçada pela pandemia da Covid-19. E retornou encarnando uma das personagens mais emblemáticas, populares e admiradas na França : Simone Veil (1927-2017), sobrevivente de Auschwitz, defensora dos direitos das mulheres, autora da lei que legalizou o aborto no país, primeira presidente eleita do Parlamento Europeu e arauto da reconciliação e construção europeia no pós-Segunda Guerra. Um ano após a sua morte, aos 89 anos, foi entronizada no Panteão, célebre monumento onde repousam as grandes personalidades nacionais.

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Autoritarismo está por trás de discurso de ameaça de guerra civil na França, diz sociólogo

Ato do movimento dos coletes amarelos em Paris com a inscrição ‘traidores da nação’ no chão; arsenal repressivo aumentou com luta antiterrorista. ©Benoit Tessier / Reuters

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PARIS – O discurso de ameaça de uma guerra civil tem sido presente na França, adotado seja por militares, políticos da extrema direita e da direita e mesmo membros do governo. Generais da reserva e militares da ativa lançaram dois manifestos alertando para o quadro de insegurança e de prenúncio de guerra civil no país, e ameaçando com uma possível intervenção do Exército. O tema é recorrente nas manifestações da Reunião Nacional (RN), partido de extrema direita liderado por Marine Le Pen. Considerado um nome em ascensão da direita tradicional na corrida presidencial para o pleito de 2022, Xavier Bertrand também denunciou a confrontação entre os franceses “no risco de guerra civil”. Já o projeto de lei contra o separatismo proposto pelo governo Emmanuel Macron para combater o radicalismo islâmico no país foi elaborado sob o tema do agravamento dos conflitos na sociedade.

Adam Bazcko, especialista em sociologia de guerras civis do Centro Nacional de Pesquisas Sociais (CNRS, na sigla em francês), descarta qualquer possibilidade de uma guerra civil no país e define este atual mantra francês como um pretexto para transformar instituições públicas e de poder em um viés autoritário.

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Na França, edição crítica transforma livro de Adolf Hitler em alerta contra a extrema direita

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Manifestantes na ‘Marcha da Liberdade’ em Villeurbanne, contra a ascensão da extrema direita na França. ©Jeff Pachoud/AFP

PARIS – A versão crítica francesa da mítica obra “Minha luta” (Mein kampf), do líder nazista Adolf Hitler, foi lançada este mês em meio a polêmicas e em um clima de ameaças da extrema direita no país. O projeto da editora Fayard, um trabalho de uma equipe de historiadores franco-alemã anunciado em 2011, adiado e depois finalizado a partir de 2015, resultou em um volume de 896 páginas, 3,6 quilos e 30cm x 24,5cm de dimensão, sob o título “Historicizar o mal – uma edição crítica de “Minha luta”. A edição, com 27 textos analíticos e quase 3 mil notas explicativas, nasceu com a ambição de contextualizar historicamente “Minha luta” e apontar as fake news do Führer na controversa obra.

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christiane jatahy abrirá festival de avignon com peça que reflete intolerâNcia e ódio e tendo O brasil atual como pano de fundo

Ensaio da montagem que a diretora brasileira Christiane Jatahy vai fazer de Entre chien et loup (entre cachorro e lobo, em tradução literal) , uma livre adaptação do filme “Dogville”, na 75ª edição do Festival de Avignon . Fotos dos ensaios: ©Magali Dougados

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PARIS – A 75ª edição do Festival de Avignon, uma das mais importantes manifestações cênicas internacionais, será aberta este ano pela mais recente criação da brasileira Christiane Jatahy, artista constantemente prestigiada nos palcos europeus. Tendo como pano de fundo a atual situação política e social brasileira, “Entre chien et loup” (entre cachorro e lobo, em tradução literal) reflete sobre a intolerância e as raízes do ódio e do mal na vida em comunidade, em um alerta teatral e real para a ameaça dos extremismos no mundo.

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FRANÇA: manifestos MILITARES REVELAM INFLUÊNCIA DA ultradireita NA CORPORAÇÃO

Guardas marcham durante o desfile militar anual do Dia da Bastilha na avenida Champs-Elysées, em julho de 2018. ©Ludovic Marina/AFP

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PARIS — Dois manifestos militares publicados no espaço de menos de três semanas surpreenderam o governo e os meios políticos franceses por seu ineditismo. Violando o conhecido apelido do Exército de “o grande mudo” — por seu dever de reserva na expressão de posicionamentos políticos  — generais da reserva e militares da ativa soltaram a voz para denunciar o que consideram ser um quadro de insegurança e de prenúncio de guerra civil no país, ameaçando com uma possível intervenção militar. O episódio revela a disposição de uma parte da caserna em defender os interesses da corporação e também em influir nos destinos do país, em um clima de campanha política a menos de um ano das eleições presidenciais de 2022 que favorece a candidata da extrema direita, Marine Le Pen.

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Festa para NapoleÃO Bonaparte divide a França

Napoleão Bonaparte pelo pintor Jean-Louis David (1748-1825) © RMN-GP Château de Versailles

O bicentenário da morte de Napoleão Bonaparte neste ano de 2021 deflagrou uma disputa entre franceses que defendem festejar seu legado e outros que não veem nenhum motivo para celebrar a histórica data.

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PARIS – Em suas Memórias do além-túmulo, o escritor francês François-René de Chateaubriand (1768-1848) escreveu a propósito de seu desafeto Napoleão Bonaparte: “O mundo pertence a Bonaparte; o que o devastador não conseguiu terminar de conquistar, sua fama usurpa. Vivo ele perdeu o mundo, morto ele o possui. (…) Depois de termos sofrido o despotismo de sua pessoa, devemos nos submeter ao despotismo de sua memória”. Suas palavras ecoam neste ano de 2021, marco do bicentenário da morte de Napoleão Bonaparte, um dos mais emblemáticos personagens da História, falecido em 5 de maio de 1821, aos 51 anos, em seu exílio forçado na Ilha de Santa-Helena.

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França trata como ameaça a crescente atividade de grupos da ultradireita no país

Manifestação do grupo Geração Identitária contra sua dissolução decretada pelo governo. ©AFP

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PARIS – A profusão de grupos da ultradireita, oficialmente declarados ou imersos na clandestinidade, se tornou alvo de maior vigilância por parte do governo e dos serviços de inteligência franceses. Empunhando bandeiras contra a imigração, o islã ou o “globalismo”, uma miríade de facções integradas por identitários, ultranacionalistas, soberanistas, racistas, antissemitas, neonazistas ou neofascistas agem de forma crescente, principalmente na rede da internet, impulsionando a radicalização e representando uma potencial ameaça terrorista.

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Marlene taschen, 35 anos, ceo da editora de livros de arte taschen

Marlene Taschen ©Marco Glaviano

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PARIS – Aos 32 anos, Marlene Taschen soube de forma inusitada de sua nomeação como CEO da editora alemã Taschen, célebre tanto por democratizar os livros de arte como por glorificá-los em verdadeiros objetos de luxo. Seu pai, Benedikt Taschen, fundador da editora, era entrevistado ao seu lado em um evento em uma das livrarias da casa, em Berlim, e sem aviso prévio fez o anúncio. “Receber esta responsabilidade, assim deste jeito, foi um choque. E decidi aceitar o desafio”, conta ela em uma conversa por zoom de Londres, onde vive com o marido e a filha Aurelia, de 9 anos.

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França revê memória da Guerra da Argélia, buscando reconciliação com ex-colônia

30 de julho de 1957 – Argelinos presos sob ordens do coronel francês Bigeard, na antiga Praça do Governo, na capital Argel. o local atualmente é chamado de Praça dos Mártires . ©AFP

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PARIS – A Guerra da Argélia (1954-1962), que culminou na independência do país africano após 132 anos de dominação colonial da França, deixou marcas até hoje indeléveis em ambos os lados, com visões divergentes do passado. Sessenta anos depois, a guerra de liberação se mantém como fonte permanente de conflito entre Paris e Argel, instrumentalizada tanto pela extrema direita e o islamismo político franceses como pelos regimes autoritários argelinos. O presidente Emmanuel Macron, face aos repetidos fracassos de seus predecessores, lançou seu próprio plano para apaziguar a tensão memorial entre os dois países. Especialistas ouvidos pelo GLOBO, porém, apontam inúmeros obstáculos em sua ambição de normalizar a relação histórica entre a ex-potência colonial e seu antigo território.

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15 PERGUNTAS PARA O MÉDICO FRANCÊS PHILIPPE JUVIN, QUE REGISTROU ENFRENTAMENTO À PANDEMIA EM DIÁRIO

©Thomas Samson/AFP

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PARIS – Entre janeiro e maio de 2020, o médico francês Philippe Juvin, diretor do serviço de emergência do Hospital Europeu Georges Pompidou, em Paris, manteve um diário sobre a pandemia, recém-lançado lançado em livro: “Je ne tromperai jamais leur confiacce” (Jamais trairei sua confiança, em tradiução livre), pela editora Gallimard. O livro traz suas preocupações e reflexões cotidianas como médico e homem público durante a crise, incluindo suas mensagens via Telegram com o presidente Emmanuel Macron (que hoje já não lhe responde mais). Há mais de 30 anos trabalhando na medicina de emergência, ex-deputado europeu e atual prefeito de La Garenne-Colombes (nos arredores de Paris), Juvin conversou com ÉPOCA em seu gabinete no conceituado hospital parisiense.

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Lei de Macron para combater radicalização arrisca estigmatizar Islã e aumentar discriminação de muçulmanos

Fiéis participam das orações coletivas de sexta-feira na Mesquita Omar, em Paris: pesquisa indica que maioria dos muçulmanos tem apreço e confiança nas instituições da República. ©Tyler Hicks/NYT

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PARIS – Nos últimos 30 anos, os sucessivos governos da França procuraram legiferar sobre a gestão e a prática do culto muçulmano no país. O atual presidente, Emmanuel Macron, não fugiu à regra. Seu projeto de lei sobre os separatismos, alvo de controvérsias, visa a um maior controle do islã no país para combater a radicalização do islamismo político e o terrorismo. O líder francês chegou mesmo a evocar a criação de um “Islã do Iluminismo”, mais em acordo com os princípios e valores republicanos. Especialistas ouvidos pelo GLOBO, no entanto, apontam equívocos e potenciais ameaças desta nova tentativa de reorganização do chamado “Islã da França”, e alertam para os nocivos efeitos da estigmatização e da discriminação.

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Com viés expansionista inspirado no período áureo do Império Otomano, Erdogan busca a reeleição na Turquia

Fiéis muçulmanos reúnem-se em reconversão em mesquita do Museu de Santa Sofia, em Istambul: Erdogan busca explorar antiga imagem da Turquia de defensora do Islã. ©Kerem Uzel/Bloomberg

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PARIS – A Turquia tem se destacado por sua onipresença em diferentes frentes do tabuleiro geopolítico internacional, fonte de atritos com inúmeros países, em uma ofensiva autoproclamada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan. Suas ambições além fronteiras – refletidas em ações políticas e militares na Síria, na Líbia, no Mediterrâneo Oriental ou no Sul do Cáucaso, e também por um discurso islamista com pretensões de liderança no mundo muçulmano -, ganharam a definição de “neo-otomanismo”, como um novo viés expansionista inspirado no período áureo do Império Otomano.

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THOMAS CHATTERTON WILLIAMS fala sobre racismo e seu manifesto CONTRA A CULTURA DO CANCELAMENTO

©JF PAGA

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PARIS – Como um dos principais idealizadores do manifesto contra a cultura do cancelamento, que contou com a assinatura de 153 artistas e intelectuais de renome – entre os quais Noam Chomsky, Margaret Atwood, Salman Rushdie, J.K. Rowling e Francis Kukuyama -, o escritor americano Thomas Chatterton Williams jamais imaginou que a iniciativa a  alcançaria tamanha repercussão e controvérsia. O número de seus seguidores no Twitter, hoje em 80 mil, mais do que dobrou após a publicação de “Uma carta sobre justiça e debate aberto”, traduzido em apoio e também em críticas.

Willliams defende a primazia de valores e princípos universais face a sociedades cada vez mais “fragmentadas em grupos identitários”. O racismo não poderá ser superado se acreditarmos em categorias raciais, diz.

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França atravessa polarização política peculiar e aumento da proliferação de teorias conspiratórias

Jovem leva cartaz pedindo “liberdade” em ato em Bordeaux contra Lei de Segurança Global, que provocou polêmica na França. ©Philippe Lopez/AFP

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PARIS – Historicamente, importantes crises provocadas por catástrofes naturais, crashes econômicos, atentados terroristas, ameaças externas ou pandemias costumam favorecer a união nacional e propulsar os índices de popularidade do chefe da nação. Durante a crise da Covid-19, no entanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, registrou um modesto ganho de apreciação pública, inferior aos índices alcançados por homólogos europeus. Segundo especialistas, cada vez mais este fenômeno de opinião se revela de curta duração e de menor impacto na França, principalmente por causa de uma crescente polarização política no país e uma forte desconfiança dos cidadãos em relação às instituições de poder, descrédito também estimulado por métodos de desinformação.

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Divisão e falta de novos líderes ameaçam deixar esquerda fora do pleito presidencial na França

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, do Partido Socialista (PS), já não esconde suas ambições de disputar as próximas eleições presidenciais francesas de 2022. ©Benoît Tessier/Reuters

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PARIS – Na presidência de François Hollande (2012-2017), a esquerda, representada pelo Partido Socialista (PS), detinha o Poder Executivo e o controle do Senado e da Assembleia Nacional. Hoje, três anos depois, o PS já não conta nem mais com sua histórica sede parisiense da rua Solférino, à qual teve de renunciar por razões financeiras, e considera mudar o nome da sigla. As forças políticas de esquerda francesas se encontram fortemente divididas, sem lideranças capazes de se impor no cenário político nacional, e no risco de em 2022, pela segunda vez consecutiva, serem excluídas do segundo turno da eleição presidencial.

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ofensiva de segurança de Macron mira eleItorado conservador no pleito presidencial de 2022

Manifestação em Paris contra a Lei de Segurança Global do governo Macron. ©AFP

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PARIS – As duas frentes sobre questões de segurança na França recém-abertas pelo presidente Emmanuel Macron provocaram controvérsias e suscitaram críticas e protestos no Parlamento, na sociedade civil e mesmo em instâncias internacionais. O projeto de lei que pretende combater o islamismo radical no país será apresentado ao Conselho de Ministros no próximo dia 9. Já a proposta legislativa com medidas de incremento da segurança interna e de proteção aos policiais, chamada Lei de Segurança Global, começou a ser debatida na Assembleia Nacional esta semana. A um ano e meio do próximo pleito presidencial, em maio de 2022, Macron investe em temas caros ao eleitorado conservador, na perspectiva de sua reeleição ao cargo.

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ALAIN MABANCKOU: “HÁ, hoje, nos eua, uma luta contra o racismo e também entre classes”

O racismo é um departamento dentro da luta de classes”, diz o escritor Alain Mabanckou. ©Sébastien Micke

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PARIS – O escritor Alain Mabanckou viveu 22 anos na República do Congo, sua terra natal, outros 17 na França e, há 15, reside nos Estados Unidos, onde leciona literatura francesa na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Seus livros, como costuma dizer, habitam a geografia imposta por sua transumância, entre a África, a Europa e a América. Laureado pela Academia Francesa e finalista do Prêmio Internacional Man Booker, ele acaba de lançar na França “Rumeurs d’Amérique” (Rumores da América, ed. Plon), uma série de crônicas com impressões sobre o país que o adotou nos últimos anos.

Mabanckou manifestou nas ruas de Los Angeles junto ao movimento Black Lives Matter, e teme uma guerra civil nos EUA se o líder americano, Donald Trump, se recusar a aceitar o resultado das próximas eleições presidenciais em caso de derrota. O escritor conversou com Época em um café parisiense, em meio a promoção francesa de sua mais recente obra.

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Boicote a produtos franceses, caricaturas de maomé, insultos turcos, laicidade: em entrevista à tv al-jazeera, macron rebate os ataques do mundo muçulmano e tenta acalmar as tensões

Macron em enytrevista à TV Al-Jazeera, no Palácio do Eliseu. ©Reprodução

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – Em meio a uma sequência de atentados terroristas na França, o presidente Emmanuel Macron se viu alvo da hostilidade de parte do mundo muçulmano por causa de sua defesa do direito da publicação de caricaturas de Maomé e de suas palavras e ações contra o islamismo político no país. Manifestantes no Paquistão, Índia, Indonésia, Irã, Bangladesh, Líbia, Mali ou Somália queimaram bandeiras da França, pisotearam o retrato de Macron e apelaram ao boicote de produtos franceses. O Alto Conselho Islâmico da Argélia, uma instituição oficial, acusou o líder francês de promover uma “campanha virulenta contra o profeta Maomé”, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, questionou sua “saúde mental”. Para tentar apaziguar as tensões, mas sem deixar de mandar duros recados, Macron concedeu uma entrevista de 55 minutos à TV Al-Jazeera para falar ao mundo muçulmano. Denunciou a manipulação de seus propósitos para criar conflito e definiu como “indigna” a campanha de boicote. A seguir os principais trechos.

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Análise: França ainda não achou saída para questão explosiva do Islã radical

Soldado em frente à basílica de Notre-Dame em Nice nesta quinta-feira, após o atentado.
©Eric Gaillard/Reuters

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PARIS – O atentado em Nice se soma a outras recentes ações terroristas ocorridas em solo francês em um contexto de agravamento das tensões em torno da questão muçulmana e do islã radical. O desfecho do processo judicial sobre os ataques de 2015 à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, com veredicto previsto em duas semanas, levou à republicação de caricaturas do profeta Maomé, provocando protestos de muçulmanos na França e no exterior. Já o anúncio pelo governo de um projeto para combater com maior rigor o islamismo político acirrou controvérsias em torno da laicidade e da islamofobia. Para analistas ouvidos pelo GLOBO, a França se encontra, hoje, no impasse de um debate de surdosl que impede uma solução consensual para um problema altamente inflamável.

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em Paris, a arte resiste como pode à pandemia e novas exposições mostram as cores de matisse e esculturas de michelangelo e de donatello

Matisse ganha importante exposição no Centre Pompidou. Museu Louvre expõe esculturas de Michelangelo e Donatello. Fotos: ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – A segunda onda da epidemia do coronavírus na Europa, com a imposição do toque de recolher e de novas restrições às populações, não impediu a inauguração de grandes exposições de outuno previstas em importantes museus parisienses. Nesta semana, duas mostras abertas ao público propiciam uma lufada de arte e um afago no espírito em meio a estes tempos pandêmicos: as coloridas telas de Matisse e as intensas esculturas de Michelangelo, Donatello e outros artistas de seu tempo.

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EXTREMA DIREITA ESTAGNA NA FRANÇA, MAS MARINE LE PEN SE MANTÉM na corrida presidencial para 2022

Marine Le Pen em reunião com o ministro do Interior, Gerald Darmanin (E), para discutir legislação contra o “separatismo islâmico”, com a qual Macron busca atrair eleitorado da direita. ©Ludovic Marin/AFP

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Se as eleições presidenciais francesas, marcadas para 2022, ocorressem hoje, se repetiria, segundo as pesquisas de opinião, o cenário do pleito de 2017: Emmanuel Macron disputaria o segundo turno com Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), com vantagem para a reeleição do atual presidente. Le Pen tentará pela terceira vez consecutiva conquistar o Palácio do Eliseu. A direita radical tem progredido a cada escrutínio nacional, mas, ao mesmo tempo, não consegue se enraizar localmente no país, com modestos resultados nos sufrágios regionais e municipais. Desde que assumiu a liderança do partido em 2011, Marine Le Pen impôs gradativamente uma estratégia de “desdiabolização”, com o objetivo pragmático de tornar seu discurso político palatável aos votos menos extremistas e ampliar seu eleitorado. Mas, apesar dos progressos verificados, ainda enfrenta dificuldades em afirmar a credibilidade de sua imagem presidencial junto àmaioria dos franceses. Continue lendo EXTREMA DIREITA ESTAGNA NA FRANÇA, MAS MARINE LE PEN SE MANTÉM na corrida presidencial para 2022

Hénin-Beaumont: cidade do norte da frança se tornou reduto da extrema direita

Moradores de Hénin-Beaumont, antigo centro de mineração no Norte da França, falam das razões do seu voto e o que pensam da política nacional. ©Fotos de Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBEG / O GLOBO

HÉNIN-BEAUMONT, FRANÇA – Nas eleições municipais de 2014, Hénin-Beaumont ganhou notoriedade ao se tornar a primeira cidade da França em que o partido de extrema direita Frente Nacional, hoje rebatizado de Reunião Nacional (RN), se apoderou de uma prefeitura já no primeiro turno. No pleito deste ano, o prefeito Steeve Briois repetiu o feito: se reelegeu com 74,2% dos votos na primeira rodada das urnas, superando seu escore anterior de 50,2%. Situado na região Nord-Pas-de-Calais, no norte do país, o município, ex-centro de mineração atingido pela desindustrialização e antigo bastião da esquerda, se converteu em reduto da direita radical e uma das 14 prefeituras conquistadas pelo RN em 2020. Não foi uma surpresa, portanto, o resultado das urnas em Hénin-Beaumont nas eleições presidenciais de 2017, com ampla vitória de Marine Le Pen (RN), por 66,1% a 38,4%, contra Emmanuel Macron, o vencedor em nível nacional. Continue lendo Hénin-Beaumont: cidade do norte da frança se tornou reduto da extrema direita

A partir de arquivos inéditos, nova biografia mostra um sartre avesso ao engajamento políticO, divertido e sonhador

Correspondência privada e arquivos de áudio e vídeo revelam um outro Sartre. ©AFP

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PARIS – E se o filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), símbolo maior do intelectual engajado do século XX, implicado nas principais lutas sociais e conflitos internacionais pós-Segunda Guerra Mundial, no fundo, não era assim tão entusiasta de seu ativismo político? “Na verdade, a política me enche o saco”, desabafou Sartre a sua amante russa, Lena Zonina, em uma carta de janeiro de 1963. François Noudelmann, estudioso de Sartre há 20 anos, encontrou várias confidências similares nos arquivos inéditos a que teve acesso, cedidos pela filha adotiva do filósofo, Arlette Elkaïm, morta em 2016. Continue lendo A partir de arquivos inéditos, nova biografia mostra um sartre avesso ao engajamento políticO, divertido e sonhador

Em livro, Lindsey Tramuta traça o perfil de parisienses em destaque nas artes, na política, no feminisno e nos negócios

Lindsey escreveu um livro para combater o “clichê da mulher parisiense”. Fotos: © Joann Pai

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Em um de seus vídeos TEDs virais, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie afirma, em relação aos conceitos sobre os africanos, que “o problema dos estereótipos não é que sejam falsos, mas incompletos; eles fazem uma história se tornar a única história”. A premissa é utilizada por Lindsey Tramuta para denunciar uma visão “perniciosa e estreita” das mulheres parisienses, percebidas como “brancas, heterossexuais, magras, elegantes, sedutoras e preocupadas com superficialidades”. Em seu recém-lançado livro, The New Parisienne (a nova parisiense), Lindsey, americana radicada há 14 anos na capital francesa, combate este clichê, segundo ela, estimulado e reproduzido na publicidade, no turismo, no cinema, na literatura, em revistas de moda e estilo.

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A carioca Tabata Mey trocou a medicina pela gastronomia e hoje é uma chef estrelada na FranÇA

Tabata Mey recebeu sua primeira estrela do Guia Michelin e acaba de abrir um novo empreendimento em Lyon, na França, onde vive desde que saiu do Rio. Fotos ©Nicolas Villion

FERNANDO EICHENBERG/ O GLOBO

PARIS/LYON – Apesar da pandemia da Covid-19, o ano de 2020 trouxe boas notícias para a chef carioca Tabata Mey, 42, radicada em Lyon, na França. Em 15 de janeiro, ela inaugurou, junto com o marido francês, Ludovic, igualmente chef, o Food Traboule, uma praça de alimentação gastronômica em um local histórico da cidade, um projeto que levou três anos para se tornar realidade. Passados apenas 12 dias, foi anunciado que Les Apothicaires, o restaurante criado pelo casal em 2016, recebera sua primeira estrela no Guia Michelin.

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CaTherine Mathivat, quarta geraÇão da família à frente do deux magots, resiste à pandemia e quer “evolução sem revolução” para o célebre café parisiense

@Julio Piatti

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PARIS – A primeira lembrança de Catherine Mathivat do café Les Deux Magots remonta aos seus dez anos de idade, no final da década de 1970, quando passava fins de semana com seus avós, proprietários e moradores do andar de cima do já célebre local parisiense. “Descia com minha avó ver o que se passava embaixo, ficava ao lado do caixa observando o movimento dos garçons e dos clientes. Me recordo bem dos ruídos quando fechavam o terraço à noite”, recorda. Hoje, aos 51 anos, é ela quem comanda o emblemático café, ancorado no coração do bairro de Saint-Germain-des-Près. Continue lendo CaTherine Mathivat, quarta geraÇão da família à frente do deux magots, resiste à pandemia e quer “evolução sem revolução” para o célebre café parisiense

Economista francês thomas piketty, com novo livro lançado no brasil, fala sobre as soluções para as desigualdades no mundo e para a crise pós-pandemia da covid-19

Para economista francês, falta de ambição nas reformas econômicas e na redução da desigualdade é o que alimenta a xenofobia e os nacionalismos; ele diz que, se pudesse, diria a Bolsonaro que ele ainda pode admitir erros e mudar. ©Divulgação

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PARIS – Sete anos após o best-seller internacional “O capital no século 21”, vendido a mais de 2,5 milhões de exemplares, o economista francês Thomas Piketty está de volta às vitrines das livrarias com mais uma ambiciosa obra. Em “Capital e ideologia” (Intrínseca), procura traçar uma história econômica, social, intelectual e política das desigualdades em âmbito mundial. Diretor na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e professor da Escola de Economia de Paris, Piketty ampliou seu mapa de estudo ao analisar, além de Estados Unidos, Alemanha e Japão, casos de países como Brasil, China, Índia, Japão, Rússia, Suécia ou Irã, passando pelas sociedades feudais, os regimes escravocratas e as colônias americanas sob dominação europeia até chegar às democracias eleitorais atuais e ao “hipercapitalismo moderno”. Mas não se contenta com a perspectiva analítica e, ao final, sugere soluções, já alvo de polêmicas, para a construção de um novo horizonte igualitário de proporções universais, um tipo de “socialismo participativo” para o século 21, em uma nova ideologia da igualdade sob formas alternativas de organização da sociedade, da propriedade, da educação ou dos impostos. Na entrevista, ele lembra que governos de direita já adotaram políticas redistributivas diante de crises como a provocada pela Covid-19, e sugere que a tributação do patrimônio privado pode ser uma maneira de pagar os gastos excepcionais que os países estão tendo na pandemia. Continue lendo Economista francês thomas piketty, com novo livro lançado no brasil, fala sobre as soluções para as desigualdades no mundo e para a crise pós-pandemia da covid-19

Lei Francesa para combater discurso de ódio na internet entra em vigor no país esvaziada

Conselho Constitucional francês vetou artigos, sob o argumento de que o poder dado às redes sociais poderia ameaçar a liberdade de expressão

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PARIS – A nova lei de combate aos conteúdos de ódio na internet entrará em vigor na França no próximo dia 1°. O governo não contava, no entanto, com a rejeição de seus principais artigos, no último dia 18, pelo Conselho Constitucional. O órgão responsável pela verificação da conformidade dos textos legislativos à Constituição desfigurou a legislação ao retirar seu aspecto punitivo, mantendo apenas o caráter preventivo. Até ser aprovada pela Assembleia Nacional em 13 de maio, a Lei Avia – do nome de sua autora, a deputada governista Laëtitia Avia – foi alvo por mais de um ano de acirrados debates no Parlamento e na sociedade civil. A principal crítica de seus opositores era a transferência para as grandes plataformas digitais e de mídias sociais do controle das postagens supostamente ilegais, o que poderia se revelar uma ameaça à liberdade de expressão em um tipo de “uberização” da Justiça, justamente uma das partes rejeitadas pelo Conselho. A França já dispõe, desde o final de 2018, de uma lei contra as fake news na internet.

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Museu do Louvre prepara reabertura com desafio de compensar ausência de turistas estrangeiros

Com público constituído majoritariamente por visitantes estrangeiros, o Louvre terá dificuldades em recuperar a curto prazo seus invejáveis números de visitação. Fotos: © Fernando Eichenberg 

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PARIS – Após mais de três meses de confinamento, a Mona Lisa se prepara para seu aguardado reencontro com o público saudoso de seu enigmático sorriso. Fechado desde 13 de março por causa das medidas de isolamento social de prevenção à Covid-19, o Museu do Louvre reabrirá suas portas no próximo dia 6. Desde a Segunda Guerra Mundial, o museu mais frequentado do mundo (9,6 milhões de visitantes em 2019) não permanecia por tanto tempo inativo. Seu presidente, Jean-Luc Martinez, no posto desde 2013, prevê um longo e difícil retorno, mas também uma oportunidade para questionamentos e reinvenção da célebre instituição em meio à crise pandêmica.

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Abusos por violência e racismo colocam a polícia francesa na mira

Críticas contra a violência das forças da ordem no país fazem Macron prometer reforçar ações para conter excessos, e policiais também vão às ruas para protestar, abrindo uma nova crise com o governo

Em Paris, policias reprimem manifestantes em protesto contra a violência das forças de segurança contra minorias: corporação se diz abandona pelo governo diante das críticas.
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PARIS – Os protestos emergidos no rastro da morte de George Floyd nos Estados Unidos reacenderam na França o recorrente tema da violência policial e do racismo. Manifestantes saíram às ruas em várias cidades do país para aderir ao movimento Black Lives Matter e reivindicar justiça para o jovem negro Adama Traoré, morto sob custódia da polícia em 2016, em um processo judicial até hoje inconcluso. As denúncias de uso ilegal da força e de discriminação por parte das forças de ordem francesas, propaladas há anos por associações de defesa dos direitos humanos e endossadas por organismos internacionais, aumentaram recentemente durante as revoltas dos coletes amarelos e as greves contra reformas do governo. Continue lendo Abusos por violência e racismo colocam a polícia francesa na mira