em Paris, a arte resiste como pode à pandemia e novas exposições mostram as cores de matisse e esculturas de michelangelo e de donatello

Matisse ganha importante exposição no Centre Pompidou. Museu Louvre expõe esculturas de Michelangelo e Donatello. Fotos: ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – A segunda onda da epidemia do coronavírus na Europa, com a imposição do toque de recolher e de novas restrições às populações, não impediu a inauguração de grandes exposições de outuno previstas em importantes museus parisienses. Nesta semana, duas mostras abertas ao público propiciam uma lufada de arte e um afago no espírito em meio a estes tempos pandêmicos: as coloridas telas de Matisse e as intensas esculturas de Michelangelo, Donatello e outros artistas de seu tempo.

“Matisse, comme um roman”, no Centro Pompidou (até 22 de fevereiro), é a maior exposição consagrada ao célebre pintor francês desde a retrospectiva realizada no Grand Palais, em 1970. Idealizada para marcar os 150 anos de nascimento do artista (ele nasceu em 31 de dezembro de 1869, mas a efeméride é festejada pelos museus sempre no ano seguinte), a mostra reúne mais de 230 obras e 70 documentos divididos em nove seções organizadas de forma cronológica, retratando seu percurso criativo ao longo de cinco décadas, como jovem artista, nos anos 1890, até sua morte, em 3 de novembro de 1954.

Cada uma das nove seções é apadrinhada por um escritor, poeta ou crítico de arte relacionado à vida e obra de Matisse. O principal deles é, sem dúvida, o poeta e romancista Louis Aragon (1897-1982), cujo livro “Matisse, roman”, publicado em 1971 (17 anos após a morte do artista), inspirou o título da exposição. Os dois se conheceram em Nice, em 1941, e a partir de então se forjou uma forte amizade. As palavras de Aragon sobre a obra do amigo servem para os dias de hoje: “o otimismo de Matisse é seu presente para nosso mundo doente”.

Já o Museu do Louvre inaugurou a exposição “Corpo e alma: de Donatello a Michelangelo – esculturas italianas da Renascença” (até 18 de janeiro). Entre 1460 e 1520, a Itália viveu uma revolução na arte da escultura. O Louvre exibe uma parte desta evolução da escultura italiana do Quattroccento até a Renascença. O museu francês, em um esforço conjunto com museu do Castello Sforzesco de Milão, reuniu em um mesmo espaço dois dos maiores escultores da história da arte, Donato Donatello (1386-1466) e Michelangelo (1475-1564), acompanhados de criações de outros artistas menos reputados da época, em um total de mais de 140 obras.

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