Arquivo da categoria: França

EXTREMA DIREITA ESTAGNA NA FRANÇA, MAS MARINE LE PEN SE MANTÉM na corrida presidencial para 2022

Marine Le Pen em reunião com o ministro do Interior, Gerald Darmanin (E), para discutir legislação contra o “separatismo islâmico”, com a qual Macron busca atrair eleitorado da direita. ©Ludovic Marin/AFP

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Se as eleições presidenciais francesas, marcadas para 2022, ocorressem hoje, se repetiria, segundo as pesquisas de opinião, o cenário do pleito de 2017: Emmanuel Macron disputaria o segundo turno com Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), com vantagem para a reeleição do atual presidente. Le Pen tentará pela terceira vez consecutiva conquistar o Palácio do Eliseu. A direita radical tem progredido a cada escrutínio nacional, mas, ao mesmo tempo, não consegue se enraizar localmente no país, com modestos resultados nos sufrágios regionais e municipais. Desde que assumiu a liderança do partido em 2011, Marine Le Pen impôs gradativamente uma estratégia de “desdiabolização”, com o objetivo pragmático de tornar seu discurso político palatável aos votos menos extremistas e ampliar seu eleitorado. Mas, apesar dos progressos verificados, ainda enfrenta dificuldades em afirmar a credibilidade de sua imagem presidencial junto àmaioria dos franceses. Continue lendo EXTREMA DIREITA ESTAGNA NA FRANÇA, MAS MARINE LE PEN SE MANTÉM na corrida presidencial para 2022

Hénin-Beaumont: cidade do norte da frança se tornou reduto da extrema direita

Moradores de Hénin-Beaumont, antigo centro de mineração no Norte da França, falam das razões do seu voto e o que pensam da política nacional. ©Fotos de Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBEG / O GLOBO

HÉNIN-BEAUMONT, FRANÇA – Nas eleições municipais de 2014, Hénin-Beaumont ganhou notoriedade ao se tornar a primeira cidade da França em que o partido de extrema direita Frente Nacional, hoje rebatizado de Reunião Nacional (RN), se apoderou de uma prefeitura já no primeiro turno. No pleito deste ano, o prefeito Steeve Briois repetiu o feito: se reelegeu com 74,2% dos votos na primeira rodada das urnas, superando seu escore anterior de 50,2%. Situado na região Nord-Pas-de-Calais, no norte do país, o município, ex-centro de mineração atingido pela desindustrialização e antigo bastião da esquerda, se converteu em reduto da direita radical e uma das 14 prefeituras conquistadas pelo RN em 2020. Não foi uma surpresa, portanto, o resultado das urnas em Hénin-Beaumont nas eleições presidenciais de 2017, com ampla vitória de Marine Le Pen (RN), por 66,1% a 38,4%, contra Emmanuel Macron, o vencedor em nível nacional. Continue lendo Hénin-Beaumont: cidade do norte da frança se tornou reduto da extrema direita

A carioca Tabata Mey trocou a medicina pela gastronomia e hoje é uma chef estrelada na FranÇA

Tabata Mey recebeu sua primeira estrela do Guia Michelin e acaba de abrir um novo empreendimento em Lyon, na França, onde vive desde que saiu do Rio. Fotos ©Nicolas Villion

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PARIS/LYON – Apesar da pandemia da Covid-19, o ano de 2020 trouxe boas notícias para a chef carioca Tabata Mey, 42, radicada em Lyon, na França. Em 15 de janeiro, ela inaugurou, junto com o marido francês, Ludovic, igualmente chef, o Food Traboule, uma praça de alimentação gastronômica em um local histórico da cidade, um projeto que levou três anos para se tornar realidade. Passados apenas 12 dias, foi anunciado que Les Apothicaires, o restaurante criado pelo casal em 2016, recebera sua primeira estrela no Guia Michelin.

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Lei Francesa para combater discurso de ódio na internet entra em vigor no país esvaziada

Conselho Constitucional francês vetou artigos, sob o argumento de que o poder dado às redes sociais poderia ameaçar a liberdade de expressão

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PARIS – A nova lei de combate aos conteúdos de ódio na internet entrará em vigor na França no próximo dia 1°. O governo não contava, no entanto, com a rejeição de seus principais artigos, no último dia 18, pelo Conselho Constitucional. O órgão responsável pela verificação da conformidade dos textos legislativos à Constituição desfigurou a legislação ao retirar seu aspecto punitivo, mantendo apenas o caráter preventivo. Até ser aprovada pela Assembleia Nacional em 13 de maio, a Lei Avia – do nome de sua autora, a deputada governista Laëtitia Avia – foi alvo por mais de um ano de acirrados debates no Parlamento e na sociedade civil. A principal crítica de seus opositores era a transferência para as grandes plataformas digitais e de mídias sociais do controle das postagens supostamente ilegais, o que poderia se revelar uma ameaça à liberdade de expressão em um tipo de “uberização” da Justiça, justamente uma das partes rejeitadas pelo Conselho. A França já dispõe, desde o final de 2018, de uma lei contra as fake news na internet.

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Museu do Louvre prepara reabertura com desafio de compensar ausência de turistas estrangeiros

Com público constituído majoritariamente por visitantes estrangeiros, o Louvre terá dificuldades em recuperar a curto prazo seus invejáveis números de visitação. Fotos: © Fernando Eichenberg 

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Após mais de três meses de confinamento, a Mona Lisa se prepara para seu aguardado reencontro com o público saudoso de seu enigmático sorriso. Fechado desde 13 de março por causa das medidas de isolamento social de prevenção à Covid-19, o Museu do Louvre reabrirá suas portas no próximo dia 6. Desde a Segunda Guerra Mundial, o museu mais frequentado do mundo (9,6 milhões de visitantes em 2019) não permanecia por tanto tempo inativo. Seu presidente, Jean-Luc Martinez, no posto desde 2013, prevê um longo e difícil retorno, mas também uma oportunidade para questionamentos e reinvenção da célebre instituição em meio à crise pandêmica.

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Abusos por violência e racismo colocam a polícia francesa na mira

Críticas contra a violência das forças da ordem no país fazem Macron prometer reforçar ações para conter excessos, e policiais também vão às ruas para protestar, abrindo uma nova crise com o governo

Em Paris, policias reprimem manifestantes em protesto contra a violência das forças de segurança contra minorias: corporação se diz abandona pelo governo diante das críticas.
©Anne-Christine Poujoulat/AFP

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PARIS – Os protestos emergidos no rastro da morte de George Floyd nos Estados Unidos reacenderam na França o recorrente tema da violência policial e do racismo. Manifestantes saíram às ruas em várias cidades do país para aderir ao movimento Black Lives Matter e reivindicar justiça para o jovem negro Adama Traoré, morto sob custódia da polícia em 2016, em um processo judicial até hoje inconcluso. As denúncias de uso ilegal da força e de discriminação por parte das forças de ordem francesas, propaladas há anos por associações de defesa dos direitos humanos e endossadas por organismos internacionais, aumentaram recentemente durante as revoltas dos coletes amarelos e as greves contra reformas do governo. Continue lendo Abusos por violência e racismo colocam a polícia francesa na mira

A REABERTURA NO PÓS-QUARENTENA DO CAFÉ DE FLORE, O CAFÉ DOS ARTISTAS

FERNANDO EICHENBERG / REVISTA ÉPOCA

Como a pandemia afetou um ícone parisiense que não fechou nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial.
 
O gerente Frédéric Minerba e o garçom Tetsuya, um japonês que trabalha há 20 anos no local. ©Fernando Eichenberg

PARIS – “O sábado 14 de março foi um choque para nós no Café de Flore. Fomos prevenidos de última hora que deveríamos fechar as portas à meia-noite. Foi o mesmo para todos os bistrôs e cafés da França. Algo inédito. Estamos abertos todos os dias, das 7h30 à 1h30, durante o ano inteiro, não fechamos nunca. É uma tradição. E só fomos reabrir na semana passada. Durante a quarentena, clientes me enviavam fotos do café e arredores mostrando tudo deserto. Era uma sensação muito estranha. Continue lendo A REABERTURA NO PÓS-QUARENTENA DO CAFÉ DE FLORE, O CAFÉ DOS ARTISTAS

‘Desconfinados, mas não liberados’: franceses vivem seu primeiro dia sem quarentena total

Corredor livre pratica com a Torre Eiffel ao fundo, no primeiro dia de relaxamento das medidas de bloqueio na França. ©Philippe Lopez/AFP

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PARIS – Após 55 dias confinados, os franceses recomeçaram a retornar às ruas nesta segunda-feira, em meio incertezas e estranhezas, e em uma vida bem diferente daquela que existia antes do surgimento da pandemia. “Desconfinados, mas não liberados”, em um novo regime de “semiliberdade”, eram definições de sentimentos emergidos neste primeiro dia de desconfinamento no país. Continue lendo ‘Desconfinados, mas não liberados’: franceses vivem seu primeiro dia sem quarentena total

A trajetória de Jessica Préalpato, que, aos 34 anos, ganhou o título de melhor chef pâtissière do mundo revolucionando as receitas de doces

“Acredito na minha boa estrela. Nada ocorre por acaso”, diz Jessica Préalpato. ©Iannis G/REA

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PARIS – A francesa Jessica Préalpato, 34 anos, se tornou em 2019 a primeira mulher eleita melhor chef pâtissière do mundo na reputada classificação do World’s 50 Best Restaurants. É também, hoje, a única mulher a chefiar o menu de sobremesas em um restaurante distinguido com as três estrelas máximas do Guia Michelin, no caso, o estabelecimento do chef Alain Ducasse abrigado no Hotel Plaza Athénée, em Paris.

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Rede de solidariedade nos subúrbios de Paris ajuda brasileiros na pandemia

Jucilene Barboza, presidente da associação Amis du Brésil. ©Arquivo pessoal

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PARIS – A goiana Adavânia de Fátima, 40 anos, juntou suas economias e desembarcou na França em novembro, junto com o marido, 46, e o filho, 13, em busca de uma vida melhor. Os pais aspiravam a uma “educação de primeiro mundo” para o filho e a um cotidiano “longe da violência de Goiânia”. Os noviços imigrantes, no entanto, não deram sorte:

– Já em dezembro começou a greve dos metrôs (contra o projeto de reforma da aposentadoria do governo francês), e logo depois veio a pandemia do coronavírus, que foi uma balde de água gelada. Dizem que o início é sempre difícil. Mas estou esperando este início acabar para que as coisas possam melhorar – desabafa. Continue lendo Rede de solidariedade nos subúrbios de Paris ajuda brasileiros na pandemia

Em pronunciamento sobre pandemia, Macron promete se ‘reinventar’ e prega a ‘refundação’ da França e da Europa

Presidente Emmanuel Macron anuncia extensão da quarentena até 11 de maio e promete dotar o país de independência econômica e estratégica.

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PARIS – A França já tem uma data para iniciar um desconfinamento progressivo no país: 11 de maio. A quarentena, que até então estava estipulada até 15 de abril, foi prorrogada por mais 25 dias pelo presidente Emmanuel Macron, em anúncio feito à população em cadeia nacional. Em um raro mea-culpa, o líder francês reconheceu falhas do governo no enfrentamento da crise provocada pelo Covid-19. Para o futuro, prometeu uma “reinvenção” de si mesmo e pregou uma “refundação” da França e da Europa, com maior independência econômica e estratégica. Continue lendo Em pronunciamento sobre pandemia, Macron promete se ‘reinventar’ e prega a ‘refundação’ da França e da Europa

Paris: de Cidade Luz a cidade fantasma

Normalmente movimentado, o bairro de Saint-Germain-des-Près revela suas ruas vazias em pleno período de confinamento. ©Fernando Eichenberg

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PARIS – A Cidade Luz, célebre epíteto de Paris, se tornou uma cidade fantasma desde a terça-feira. A capital francesa, campeã mundial em número de turistas, silenciou suas ruas, praças e os sempre concorridos terraços de seus cafés. A Torre Eiffel, conhecida por suas longas filas de espera, se transformou em um monumento inabitado. A Mona Lisa, habituada à incessante agitação diária, agora é uma senhora abandonada à solidão do Louvre, o museu mais visitado do planeta de portas cerradas. Continue lendo Paris: de Cidade Luz a cidade fantasma

Contra Trump e nacionalismos, Macron tenta coordenar resposta europeia ao coronavírus

Presidente francês, no entanto, enfrenta dificuldade do bloco europeu de agir coletivamente; acusado de ‘neoliberalismo’, ele faz apologia do Estado de bem-estar. ©Ludovic Marin/AFP

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PARISA crise do coronavírus reavivou costumeiras dissidências da geopolítica mundial. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou seu lema “Estados Unidos em primeiro lugar” e fustigou a Europa pela disseminação do “vírus estrangeiro”. Seu colega francês, Emmanuel Macron, se lançou em mais uma tentativa de liderar a ressurreição da União Europeia em torno de uma causa comum, sem obter, no entanto, o apoio almejado, nem de seus tradicionais aliados, como a Alemanha, nem de seus conhecidos desafetos do nacional-populismo. Continue lendo Contra Trump e nacionalismos, Macron tenta coordenar resposta europeia ao coronavírus

“Há pessoas demais que, pela palavra, recorrem à violência”, diz Philippe Lançon, sobrevivente do ataque ao Charlie Hebdo

Philippe Lançon diz ter dificuldade de esquecer tudo o que aconteceu e ter a “constante impressão de que uma catástrofe vai cair sobre sua cabeça”. ©Mollona/Leemage

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PARIS – Na manhã de 7 de janeiro de 2015, Philippe Lançon só foi perceber o que lhe ocorrera quando vislumbrou na tela de seu celular o reflexo de sua face desfigurada: um quarto de seu rosto, na parte inferior, se transformara, segundo sua própria descrição, em uma “cratera de carne destruída e pendente”, mostrando a nu o que restava de gengivas e dentição, fazendo-o parecer “um monstro”. Lançon foi um dos sobreviventes do atentado jihadista protagonizado pelos irmãos Chérif e Saïd Kouachi na redação do jornal francês Charlie Hebdo, em Paris. As balas disparadas pelas metralhadoras Kalachnikov dos terroristas, que arrancaram sua mandíbula, causaram um total de 12 mortes e 11 feridos. Em meio ao banho de sangue e os corpos inertes de seus colegas de jornal, ele só se salvou porque se fingiu de morto. Continue lendo “Há pessoas demais que, pela palavra, recorrem à violência”, diz Philippe Lançon, sobrevivente do ataque ao Charlie Hebdo

Sarah Al-Matary: “Há hostilidade crescente em relação à ciência e uma incredulidade face a figuras de sábios”

Em seu novo enasio, Sarah Al-Matary chama a atenção para o anti-intelectualismo, movimento que rejeita acadêmicos, cientistas e artistas e que pode ser observado tanto na extrema direita quanto na esquerda radical.

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Diante do deputados da Assembleia Nacional francesa, em 2007, a então ministra da Economia, Christine Lagarde, lançou: “A França é um país que pensa. Não há ideologia da qual não tenhamos feito uma teoria, e possuímos provavelmente em nossas bibliotecas do que discutir por séculos. Chega de pensar, chega de tergiversar, arregacemos simplesmente as mangas”. A França como a “pátria dos intelectuais”, no entanto, seria um mito criado a partir do século 18. E todo mito tem seu contrário, neste caso expressado pelo anti-intelectualismo, do qual as palavras da ex-ministra são apenas um exemplo. Esta é a tese construída nas cerca de 400 páginas do mais recente ensaio da pesquisadora francesa Sarah Al-Matary, da Universidade Lumière-Lyon 2., “La haine des clercs – l’anti-intellectualisme en France” (ed. Seuil). Segundo ela, o secular anti-intelectualismo francês criticou, ao longo de sua existência até hoje, intelectuais que, em nome da razão e do universal, desprezavam os valores do nacionalismo e o Exército, e pregavam a liberdade, a igualdade e os direitos humanos. Continue lendo Sarah Al-Matary: “Há hostilidade crescente em relação à ciência e uma incredulidade face a figuras de sábios”

Alvo de protestos, reforma da Previdência é batalha decisiva para Emmanuel Macron

Manifestante passa por colagem que mostra Macron com uniforme da polícia antidistúrbios: reforma está no centro de sua campanha de mudar a sociedade francesa. ©Alain Jocard/AFP

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – A cada tentativa de mudança no sistema de Previdência Social na França, ressurge a frase do ex-primeiro-ministro Michel Rocard, pronunciada em 1991: “A reforma da aposentadoria é capaz de derrubar vários governos”. No ar, paira o espectro das greves e manifestações de 1995, que paralisaram o país por três semanas e fizeram o então premier Alain Juppé abandonar seu projeto de reforma. O atual embate entre parte da sociedade civil, sindicatos e o governo em torno de mais um esforço de alteração nas regras, coloca o presidente Emmanuel Macron em uma encruzilhada. Para analistas ouvidos pelo GLOBO, trata-se da reforma mais importante de seu quinquênio e crucial para o futuro do mandato. E assinalam que o desfecho desta queda de braço, seja qual for, favorecerá Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), em suas ambições nas eleições presidenciais de 2022. Continue lendo Alvo de protestos, reforma da Previdência é batalha decisiva para Emmanuel Macron

O francês Bernard Arnault será a maior fortuna do planeta?

Aquisição da joalheria Tiffany coloca o francês Bernard Arnault, dono do conglomerado LVMH, na briga pelo topo do pódio dos mais ricos do mundo – e denota o bom momento do mercado de luxo. ©AFP/Eric Piermont

FERNANDO EICHENBERG / REVISTA EXAME

PARIS – Aos 22 anos, o jovem estudante de engenharia francês Bernard Arnault viajou pela primeira vez a Nova York, nas férias de verão do hemisfério Norte. No táxi amarelo que o levou do aeroporto John F. Kennedy até Manhattan, para entabular conversa, perguntou ao motorista se conhecia Georges Pompidou, o presidente da França naquele ano de 1971. O chofer nunca ouvira falar do líder francês, mas de pronto afirmou saber quem era Christian Dior. O breve diálogo lhe soou como uma revelação. Na França, BA – como é chamado por seus colaboradores – formou ao longo dos anos o conglomerado número um do mundo no setor de artigos de luxo, a LVMH, constituído de 75 marcas internacionais, Dior incluída. No mês passado, aos 70 anos, concluiu na Big Apple a aquisição de sua 76ª pepita, a icônica joalheria americana Tiffany, pela qual desembolsou 16,2 bilhões de dólares. A operação, somada ao crescente desempenho de seu grupo empresarial, o propulsou como forte candidato a ocupar o topo do ranking das maiores fortunas do planeta, ameaçando desbancar seus dois principais concorrentes, os americanos Jeff Bezos (Amazon) e Bill Gates (Microsoft). Continue lendo O francês Bernard Arnault será a maior fortuna do planeta?

Ameaça na África: jihadismo cresce na região do Sahel apesar da intervenção da França

Grupos terroristas se aproveitam de lutas étnicas e descontentamento com governos para aumentar recrutamento. ©Reprodução

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PARIS – Grupos terroristas jihadistas estão em plena expansão territorial na região do Sahel africano. Do norte do Mali, os grupos do jihad avançaram para o centro e o sul do país, se expandiram para o Burkina Faso e a Nigéria, e agora ameaçam as nações costeiras, como Togo, Benin, Gana, Senegal e Costa do Marfim. As forças da comunidade internacional, França à frente, se mostram, hoje, incapazes de deter o avanço jihadista, que se aproveita ainda de lutas étnicas locais para reforçar suas fileiras e semear a violência. Analistas defendem o recurso à negociação para estancar o recrutamento e evitar o pior. Continue lendo Ameaça na África: jihadismo cresce na região do Sahel apesar da intervenção da França

“Na democracia, você não insulta, não ataca a vida privada, não mente”, diz diplomata francês famoso por seus tuítes

Gérard Araud, que assistiu à ascensão de Trump nos EUA e respondeu a Bolsonaro em rede social, diz que mundo não será o mesmo ainda que onda populista de direita seja derrotada; ele critica também viés ‘bonapartista’ de Macron. ©JF Paga

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PARIS – Na madrugada em que Donald Trump venceu as eleições presidenciais americanas, em 9 de novembro de 2016, Gérard Araud, então embaixador francês em Washington, foi extraído de seu relativo anonimato ao expressar seus sentimentos em sua conta pessoal no Twitter. “Após o Brexit e essa eleição, tudo a partir de agora é possível. Um mundo desmorona diante de nossos olhos. Uma vertigem”, escreveu, deflagrando uma polêmica. Dois anos depois, em 19 de dezembro de 2018, o diplomata francês não hesitou em responder ao presidente Jair Bolsonaro, que havia declarado em um vídeo ser “simplesmente insuportável viver em certos lugares da França” por causa da imigração. Araud rebateu com um lacônico e irônico tuíte: “63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários”.

Aposentado desde abril deste ano, o ex-embaixador, agora com a palavra liberada das obrigações de sua função, acaba de lançar na França o livro “Passaporte diplomático – quarenta anos no Quai d’Orsay” (ed. Grasset), memórias de sua longa carreira em diferentes países e em importantes postos na ONU e na Otan. Gérard Araud conversou com O Globo na capital francesa sobre a crescente ameaça do populismo, os governos Trump e Bolsonaro e o delicado momento da relação bilateral Brasil-França. Continue lendo “Na democracia, você não insulta, não ataca a vida privada, não mente”, diz diplomata francês famoso por seus tuítes

Macron muda estilo para Ato II de seu governo

Com a mulher Brigitte e ministros, Macron visita escola no interior da França; francês quer afastar a impressão de que governa longe do povo/ ©Lurovic Marin/Reuters

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PARIS – A segunda metade do governo do presidente Emmanuel Macron começou sob a ameaça de dossiês potencialmente abrasivos e uma crescente contestação social. Temas como a reforma das aposentadorias, a ecologia, a imigração e o projeto de lei sobre a reprodução assistida prenunciam inflamados debates no Parlamento e na sociedade civil. Para o chamado Ato II de seu mandato, o líder francês se esforça em demonstrar que aprendeu lições da revolta dos coletes amarelos e que pretende encerrar seu quinquênio com um método de governança marcado pelo diálogo e a concertação, sem no entanto renunciar as suas ambições de reformar o país. Continue lendo Macron muda estilo para Ato II de seu governo

PERSONAGEM DA SEMANA: EMMANUEL MACRON

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PARIS – Antes acuado e abatido pelos longos meses de revolta dos coletes amarelos em cidades da França, com cenas de guerra civil e vandalismo explícito em Paris, o presidente Emmanuel Macron ressurgiu, neste final de férias do verão europeu, bronzeado e adulado após os três dias da cúpula do G7 organizada em Biarritz, balneário apreciado pelos surfistas à beira do Oceano Atlântico. Este não era, no entanto, o cenário mais previsível. O encontro anual dos líderes de Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá tinha tudo para acabar em mais um convescote diplomático de grandes potências em que nada se decide e tudo se complica. Em um abrasivo contexto mundial, eram esperadas turbulências meteorológicas na orla, fruto de costumeiras intempéries provocadas pelo presidente americano, Donald Trump, confessadamente avesso às instâncias multilaterais. Continue lendo PERSONAGEM DA SEMANA: EMMANUEL MACRON

Sistema multilateral é ‘alvo de ataque sem precedentes’ e ‘urge ser reinventado’, afirma chanceler da França

O chanceler francês Jean-Yves Le Drian. Governo francês ambiciona liderar reação a populismo e lançará iniciativa de cooperação em setembro. ©Patrick Kovarick/AFP

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PARIS – O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, defendeu a urgência de uma “reinvenção do sistema multilateral”, alvo atual de um ataque “sem precedentes”, para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, seja em relação aos conflitos comerciais ou às ameaças de uma nova corrida armamentista. O chanceler anunciou ainda a primeira reunião da Aliança pelo Multilateralismo, iniciativa lançada pela França e a Alemanha , para o final de setembro, em Nova York, em nível ministerial. Em seu discurso pronunciado na Conferência dos Embaixadores e Embaixadoras franceses, reunidos em Paris, na única vez em que o Brasil foi citado, houve risos na plateia de diplomatas, em um contexto de grave crise diplomática na relação franco-brasileira . Continue lendo Sistema multilateral é ‘alvo de ataque sem precedentes’ e ‘urge ser reinventado’, afirma chanceler da França

Análise: estrago nas relações entre Brasil e França deve demorar para ser reparado

Macron e Bolsonaro durante a cúpula do G20, em Osaka, no Japão. ©Jacques Witt/AFP

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – A crescente escalada verbal entre Brasil e França alcançou um nível inédito na história da relação bilateral, na avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO. Os recentes comentários do presidente Bolsonaro, via Twitter, e as respostas do líder francês Emmanuel Macron submergiram o diálogo franco-brasileiro às profundezas da diplomacia, um estrago que levará no mínimo meses a ser reparado, segundo analistas, e isso se as devidas medidas forem adotadas para apaziguar as atuais dissensões. Continue lendo Análise: estrago nas relações entre Brasil e França deve demorar para ser reparado

Quando puder falar com Brigitte Macron, vou dizer que é charmosa e bonita, diz embaixador do Brasil em Paris

O embaixador Luis Fernando Serra e Bolsonaro: “gestos de apaziguamento”. ©Marcelo Camargo/Agência Brasil

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Recém-chegado em Paris, o embaixador brasileiro na França, Luís Fernando Serra , defende “gestos de apaziguamento” para distender a atual tensão nas relações entre os palácios do Planalto e do Eliseu. O diplomata adianta que elogiará a primeira-dama da França, Brigitte Macron, quando tiver a oportunidade de encontrá-la, mas acusa seu marido, o presidente Emmanuel Macron , de ter deflagrado as hostilidades entre os dois países. Continue lendo Quando puder falar com Brigitte Macron, vou dizer que é charmosa e bonita, diz embaixador do Brasil em Paris

Macron reage a comentário de Bolsonaro sobre sua mulher, e duelo verbal sofre escalada

Brigitte e Macron (ao centro) com Trump e Merkel ao fim do G7.: primeira-dama francesa se viu no centro da polêmica entre os dois países. ©Nicholas Kamm/AFP

FERNANDO EICHENBERG /O GLOBO

PARIS – O presidente da França, EmmanueMacron , reagiu nesta segunda-feira a um comentário feito no Facebook pelo presidente Jair Bolsonaro , que no sábado endossou a postagem de um internauta que zombava da primeira-dama francesa, Brigitte, 24 anos mais velha que o chefe de Estado.

Em entrevista coletiva ao lado do presidente do Chile, Sebastián Piñera, Macron disse que o comentário sobre Brigitte foi “triste” para os brasileiros, uma “vergonha” para as mulheres brasileiras e “extremamente desrespeitoso”. Afirmou ainda que “respeita” os brasileiros e que espera que “eles tenham muito rapidamente um presidente que se comporte à altura” do cargo. Continue lendo Macron reage a comentário de Bolsonaro sobre sua mulher, e duelo verbal sofre escalada

Macron isolado no boicote ao Mercosul

Os dirigentes do G7 em sua primeira reunião de trabalho, em Biarritz. ©G7/Pool

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – O presidente da França, Emmanuel Macron, assumiu publicamente um desafio no dia de abertura do encontro do grupo de países ricos do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá): prometeu “medidas concretas” ao final das discussões de polêmicos temas que serão abordados pelos grandes líderes presentes no balneário de Biarritz. As queimadas na Amazônia, introduzidas de última hora no cardápio da cúpula, é um dos principais pontos no visor presidencial francês. Continue lendo Macron isolado no boicote ao Mercosul

Cúpula da divisão: G7, que perdeu a relevância original, ocorre em contexto de divergências entre seus líderes

Amazônia é mais um dos temas que separam ultranacionalistas como Trump de internacionalistas como Macron; divisão inclui ainda Irã, Rússia, guerra comercial e Síria. ©Markus Schreiber/AP/SIPA

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – No status de anfitrião, o presidente francês, Emmanuel Macron, recebe de sábado a segunda-feira, no aprazível balneário de Biarritz, seus colegas do grupo de países ricos do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá) em um turbulento contexto mundial. Embora o tema central do encontro seja “a luta contra as desigualdades”, as expectativas giram em torno de conversas paralelas sobre polêmicos dossiês como a guerra comercial entre os EUA e a China, o acordo nuclear iraniano e a escalada de tensões entre Washington e Teerã, o conflito na região síria de Idlib, a situação na Ucrânia, as negociações do Brexit ou a urgência climática – reforçada pela indignação internacional insuflada pelas queimadas na Amazônia. Na avaliação de analistas, a cúpula presidida pela França, que não terá o tradicional comunicado final, é marcada de forma inédita por fortes dissensões entre seus participantes, igualmente envolvidos com importantes problemas domésticos Continue lendo Cúpula da divisão: G7, que perdeu a relevância original, ocorre em contexto de divergências entre seus líderes

Embaixada do Brasil na França tem protestos contra queimadas

A pedido do Embaixador Luís Fernando Serra, forças de segurança francesas ficaram de prontidão diante da Embaixada do Brasil na França, em Paris, durante manifestação contra as queimadas na Floresta Amazônica. Fotos © Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Os protestos contra as queimadas na Amazônia chegaram às portas da Embaixada brasileira na França, instalada no número 34 da Cours Albert 1er, em Paris. Cerca de 300 pessoas, entre franceses – em maioria -, brasileiros e outras nacionalidades se reuniram diante do prédio oficial, portando cartazes e gritando palavras de ordem, para manifestar pela defesa da Floresta Amazônica e do meio ambiente. O evento foi organizado por associações como Youth For Climate, Fridays For Future, Extinction Rebellion France e Onestpret. Continue lendo Embaixada do Brasil na França tem protestos contra queimadas

Análise: Macron tem suas razões para comprar a briga da Amazônia

O presidente francês Emmanuel Macron vai ser o anfitrião da próxima reunião do G7. ©Francois Walschaerts/Reuters

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – A fumaça provocada pelas queimadas na Floresta Amazônica alcançou o Palácio do Eliseu. Às vésperas do início da cúpula do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), o presidente francês, Emmanuel Macron, não hesitou em convocar o tema para a reunião do clube de países ricos, evocando, inclusive, a urgência de uma “crise internacional” . “Nossa casa queima”, alertou o líder francês, retomando as palavras do discurso do então presidente Jacques Chirac na Rio+10, a conferência sobre o meio ambiente realizada em 2002, na cidade sul-africana de Johanesburgo. “Nossa casa queima e nós olhamos para o outro lado”, vaticinara Chirac. Continue lendo Análise: Macron tem suas razões para comprar a briga da Amazônia

Medidas de Macron em resposta a protestos não satisfarão franceses, dizem analistas

Primeira coletiva. O presidente Emmanuel Macron fala aos jornalistas ao anunciar medidas surgidas do “Grande Debate Nacional”, no rastro dos protestos . © Iuodovic Marin/AFP

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PARIS – Após uma maratona de três meses de debates pelo país, o presidente Emmanuel Macron anunciou sua aguardada resposta à crise deflagrada pelo movimento dos chamados coletes amarelos, em manifestações que já se estendem por 23 sábados consecutivos em cidades da França. Seu discurso de ontem, seguido de uma inédita entrevista coletiva para a imprensa francesa e internacional, no Palácio do Eliseu, foi marcado menos por medidas concretas para atender às reivindicações das ruas e mais por considerações gerais sobre seus projetos para o país. Macron defendeu sua política aplicada nestes dois anos de governo, e, entre anúncios sobre impostos e reformas institucionais, propôs também uma refundação do Espaço Schengen de livre circulação europeia, um reforço das fronteiras e um endurecimento do combate à imigração. Continue lendo Medidas de Macron em resposta a protestos não satisfarão franceses, dizem analistas