Embaixada do Brasil na França tem protestos contra queimadas

A pedido do Embaixador Luís Fernando Serra, forças de segurança francesas ficaram de prontidão diante da Embaixada do Brasil na França, em Paris, durante manifestação contra as queimadas na Floresta Amazônica. Fotos © Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Os protestos contra as queimadas na Amazônia chegaram às portas da Embaixada brasileira na França, instalada no número 34 da Cours Albert 1er, em Paris. Cerca de 300 pessoas, entre franceses – em maioria -, brasileiros e outras nacionalidades se reuniram diante do prédio oficial, portando cartazes e gritando palavras de ordem, para manifestar pela defesa da Floresta Amazônica e do meio ambiente. O evento foi organizado por associações como Youth For Climate, Fridays For Future, Extinction Rebellion France e Onestpret.

O embaixador brasileiro, Luís Fernando Serra, recém-chegado para assumir o posto na capital francesa, determinou o fim do expediente dos diplomatas e funcionários antes do início do protesto, marcado para às 14h (9h horário de Brasília). A manifestação recebeu autorização da polícia parisiense, e a Embaixada solicitou às autoridades francesas um reforço das forças de segurança no local. Furgões da polícia de choque bloquearam a rua e a calçada em frente ao endereço, para impedir a proximidade dos manifestantes.

Vupuln Puvaneswaran, de apenas 16 anos, um dos organizadores do evento.

O jovem francês Vupuln Puvaneswaran, 16 anos, um dos organizadores do protesto, disse, além de Paris, outras sete cidades promoveram eventos similares:

– A juventude está cada vez mais preocupada e nos questionamos sobre estes temas. A Amazônia queima e a situação é catastrófica. A curto prazo, o fogo deve ser apagado; a longo prazo, é necessário mudar as política de meio ambiente. É preciso uma mobilização internacional – defendeu.

Julia Dreon Preis: “Não vamos desistir”.

A brasileira Julia Dreon Preis, 31, residente em Paris, se disse entusiasmada pelo fato de o protesto ter sido organizado por franceses.

– Acho que está na hora mesmo de os outros interferirem. Para as pessoas que aderem ao discurso do presidente Bolsonaro é fácil dizer que queremos a soberania do Brasil, mas é algo que está muito além disso. O lado bom é que antes se ficava muito no discurso de ecologia, do “ecochato”. Mas , em 2019, não existe mais ser ou não sensível à ecologia, todo mundo é ou deveria ser. Não vamos desistir.

Camille K.: “Em algum momento, em algum lugar, vai explodir”.

Para a francesa Camille K, 26, cartaz à mão, a situação só mudará no dia em que se tomar consciência de que não se precisa mais dos políticos:

– Sobretudo, de que as coisas podem ser feitas sem eles. Para mim, basta. Os discursos não servem para nada. O que pode sair aqui da França é nosso hábito histórico de se rebelar e de dizer que discordamos. Penso que chegamos em uma situação limite, e em algum momento, em algum lugar, vai explodir.

Neide Libaulp de Souza: “O planeta, está sofrendo”.

Neide Libaulp de Souza, 69, brasileira moradora da capital francesa, acredita que, hoje, “o estrago já é imenso, e a poluição, enorme”:

– O planeta, e a humanidade, a fauna, a flora estão sofrendo. Ninguém come dinheiro. Não acredito nos políticos. Não tem um Chico Mendes, um Al Gore. E ainda por cima tem o louco do americano (o presidente Donald Trump). Os brasileiros estão fugindo do Brasil. Mas é melhor ser positivo. O Brasil deveria dar exemplo em relação aos produtos orgânicos no mundo, mas é um dos países que mais têm agrotóxicos. O que eles querem? Vida é a natureza.

Alexandra Montes: “Estamos de coração com os brasileiros”.

A francesa Alexandra Montes, 41, diz ter saído de casa pelo futuro das novas gerações.

– Ainda não sentimos os 2°C ou 3°C a mais, mas vão chegar. Estamos de coração com os brasileiros. Espero que as mentalidades mudem totalmente para o nosso bem-estar e para o futuro de nossos filhos. Sou bastante pessimista, mas lutarei até a morte para que o pulmão número um do planeta pare de queimar. As ONGs lutam há 30 anos e todo mundo olhava pacientemente, e infelizmente chegamos nesta situação. É preciso que nos apoiemos todos uns aos outros.