“A História não se repete, mas os métodos de manipulação, sim”, diz a pesquisadora franco-alemã Géraldine Schwarz,

Partindo da própria família, que apoiou o nazismo por conformismo, Géraldine Schwarz alerta para os riscos ao se esquecer o passado. © Mathias Bothor

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PARIS – O Brexit, no Reino Unido, a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, e o crescimento do populismo na Europa fizeram com que a franco-alemã Géraldine Schwarz mergulhasse na história de sua família na busca de elementos para a compreensão do presente. Na Alemanha da Segunda Guerra Mundial, seus avós paternos, Karl e Lydia, habitantes de Mannheim, aderiram ao Terceiro Reich, não por ideologia, mas por oportunismo. Na França, seu avô materno, Lucien, atuou como gendarme em Mont-Saint-Vincent, sob a República de Vichy, regime colaboracionista do nazismo. Os avós, segundo ela, estão incluídos na categoria dos Mitläufer, definidos como aqueles que “seguem a corrente” e que aderiram ao regime nazista por conformismo e não por convicção. Continue lendo “A História não se repete, mas os métodos de manipulação, sim”, diz a pesquisadora franco-alemã Géraldine Schwarz,

A musa eterna Jane Birkin fala sobre a beleza aos 72 anos, a carreira e como a música a ajudou a superar a morte da filha

Jane Birkin em seu apartamento parisiense, com sua buldogue Dolly. © Carole Bellaiche

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PARIS – Certa vez, a mãe de Jane Birkin, a atriz britânica Judy Campbell, musa do dramaturgo Noël Coward e alcunhada pelo fotógrafo de moda Cecil Beaton como “a mais bela mulher da Inglaterra”, de súbito, lhe disse: “It’s gone” (sumiu). “O que, mamãe?”, replicou a filha, pensando em algum banal objeto perdido. A mãe respondeu: “Minha beleza. Foi-se”. Hoje, aos 72 anos, a célebre atriz e cantora confessa que, recentemente, se viu absorta na mesma reflexão materna. “Minha mãe deveria ter uns 70 anos quando me saiu com essa, e eu, uns 40. Hoje, a compreendo perfeitamente”, disse, enquanto sorvia uma xícara de chá em seu aprazível apartamento parisiense, nas proximidades da praça Saint-Sulpice, em uma conversa sonorizada pelos roncos de sua inseparável buldogue Dolly, estirada no tapete. Continue lendo A musa eterna Jane Birkin fala sobre a beleza aos 72 anos, a carreira e como a música a ajudou a superar a morte da filha

Queda do Muro de Berlim: “Democracias venceram, e o mundo está muito melhor”, analisa o filósofo Luc Ferry

Após a derrota do comunismo com sua pretensão universalista, não surgiu concorrente sério ao liberalismo político, afirma pensador francês. ©Divulgação

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PARIS – Para o filósofo francês Luc Ferry, o mundo progrediu em relação à realidade existente antes da queda do Muro de Berlim, que completa 30 anos neste sábado, em 9 de novembro de 1989, e as democracias ocidentais se impuseram como único regime politicamente legítimo. O pensador concorda com a tese de “fim da História” do cientista político Francis Fukuyama – ainda que com uma interpretação não literal dela -, defende um aperfeiçoamento da democracia contemporânea e alerta para os riscos de uma terceira guerra mundial no conflito comercial entre os Estados Unidos e a China. Continue lendo Queda do Muro de Berlim: “Democracias venceram, e o mundo está muito melhor”, analisa o filósofo Luc Ferry

Queda do Muro de Berlim: “Venceu a burocracia liberal capitalista”, analisa o filósofo Geoffroy de Lagasnerie

Nacionalismos mostram que queda do muro foi oportunidade perdida e que é preciso inventar uma nova democracia, afirma pensador francês. ©Raphaël Schneider

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PARIS – Para o filósofo francês Geoffroy de Lagasnerie, a queda do Muro de Berlim frustrou as expectativas de uma abordagem mais global dos problemas do mundo, favorecendo, na contramão, um pensamento de âmbito nacional, sob a tutela do liberalismo dominante. O pensador defende a superação do modelo da democracia liberal, que já teria comprovado sua incapacidade de vencer as injustiças e desigualdades, por um novo regime político a ser inventado. Continue lendo Queda do Muro de Berlim: “Venceu a burocracia liberal capitalista”, analisa o filósofo Geoffroy de Lagasnerie

Louvre inaugura a maior exposição já realizada sobre Leonardo da Vinci

“A Virgem e o Menino com Santa Ana” (1503-1519). ©RMN-Grand Palais (museu do Louvre)/René-Gabriel Ojéda

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PARIS – Um artista colossal como o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) merecia, nos 500 anos da sua morte, uma homenagem à altura de sua genialidade. Pode-se dizer que o Museu do Louvre não moderou esforços para isso. A instituição celebra a data reunindo um número inédito de obras de sua autoria em um mesmo espaço para exibição ao público. “Leonardo da Vinci”, mostra que será aberta ao público nesta quinta-feira, e que promete se inscrever como um dos maiores eventos da história do museu parisiense, expõe mais de 160 trabalhos do mestre renascentista, entre pinturas, desenhos, esculturas e manuscritos. A exposição inova também ao revelar o desenvolvimento do método criativo de Da Vinci por meio da exibição de reflectografias de infravermelho de telas do pintor, resultado de análises científicas feitas ao longo dos últimos anos. Ao final do percurso, o visitante poderá viver ainda uma experiência de realidade virtual com a “Mona Lisa”, uma dos mais icônicos quadros do planeta.

‘Cabeça de mulher’ ou ‘La Scapigliata’, pintura em óleo sobre madeira realizada entre 1501-1510,  © Galeria Nacional de Parma

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Maria de Medeiros: “Raízes têm tudo a ver com cultura e muito pouco com fronteiras”

Maria de Medeiros: “Sempre achei que se deveria poder mudar de nacionalidade como de camisa. Deveria ser bem mais fácil. A identidade é algo orgânico, se modificando perpetuamente. É uma esponja, vai captando coisas, repelindo outras, algo em movimento”. ©Victor Hugo

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PARIS – “Quase não fiz viagens de turismo na minha vida”, conta, com singela naturalidade, a atriz Maria de Medeiros, acomodada em sua residência no 14° distrito de Paris. No entanto, é impossível enumerar todos os países por onde já passou até hoje. Seja como atriz ou diretora em uma centena de filmes, protagonista de peças teatrais ou cantora em turnês de seus concertos, ao longo de seus 54 anos ela atravessou uma infinidade de fronteiras nos cinco continentes. Nascida em Portugal e adotada pela França, a capital francesa se tornou para ela um porto aberto para o mundo. Continue lendo Maria de Medeiros: “Raízes têm tudo a ver com cultura e muito pouco com fronteiras”

“Na democracia, você não insulta, não ataca a vida privada, não mente”, diz diplomata francês famoso por seus tuítes

Gérard Araud, que assistiu à ascensão de Trump nos EUA e respondeu a Bolsonaro em rede social, diz que mundo não será o mesmo ainda que onda populista de direita seja derrotada; ele critica também viés ‘bonapartista’ de Macron. ©JF Paga

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PARIS – Na madrugada em que Donald Trump venceu as eleições presidenciais americanas, em 9 de novembro de 2016, Gérard Araud, então embaixador francês em Washington, foi extraído de seu relativo anonimato ao expressar seus sentimentos em sua conta pessoal no Twitter. “Após o Brexit e essa eleição, tudo a partir de agora é possível. Um mundo desmorona diante de nossos olhos. Uma vertigem”, escreveu, deflagrando uma polêmica. Dois anos depois, em 19 de dezembro de 2018, o diplomata francês não hesitou em responder ao presidente Jair Bolsonaro, que havia declarado em um vídeo ser “simplesmente insuportável viver em certos lugares da França” por causa da imigração. Araud rebateu com um lacônico e irônico tuíte: “63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários”.

Aposentado desde abril deste ano, o ex-embaixador, agora com a palavra liberada das obrigações de sua função, acaba de lançar na França o livro “Passaporte diplomático – quarenta anos no Quai d’Orsay” (ed. Grasset), memórias de sua longa carreira em diferentes países e em importantes postos na ONU e na Otan. Gérard Araud conversou com O Globo na capital francesa sobre a crescente ameaça do populismo, os governos Trump e Bolsonaro e o delicado momento da relação bilateral Brasil-França. Continue lendo “Na democracia, você não insulta, não ataca a vida privada, não mente”, diz diplomata francês famoso por seus tuítes

Em novo livro, economista Thomas Piketty procura demonstrar que a desigualdade é uma escolha política e ideológica

Em novo ensaio publicado na França, Piketty lança as bases do que chama de “socialismo participativo” e explica por que o Brasil é um dos países de maior desigualdade.

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PARIS – Neste final de 2019, o francês Thomas Piketty, um dos raros economistas a figurar nas listas de obras mais vendidas, está de volta às vitrines das livrarias com mais um título para animar acirrados debates entre seus críticos e simpatizantes. Em 2001, época em que ainda não havia alcançado o status de economista de renome mundial, Piketty escreveu o ensaio “Os altos salários na França no século 20”, um estudo das desigualdades salariais no país no período de 1908 a 1998.

Em 2013, seu best-seller internacional, “O capital no século 21”, vendido a mais de 2,5 milhões de exemplares e traduzido em 40 idiomas, ultrapassou as fronteiras da França na abordagem das disparidades da distribuição de riquezas ao focar também em países como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Já  “Capital e Ideologia” (ed. Seuil, com lançamento previsto no Brasil no próximo ano pela Intrínseca), recém-impresso na França, é uma obra geograficamente e historicamente ainda mais ambiciosa. Continue lendo Em novo livro, economista Thomas Piketty procura demonstrar que a desigualdade é uma escolha política e ideológica

Macron muda estilo para Ato II de seu governo

Com a mulher Brigitte e ministros, Macron visita escola no interior da França; francês quer afastar a impressão de que governa longe do povo/ ©Lurovic Marin/Reuters

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PARIS – A segunda metade do governo do presidente Emmanuel Macron começou sob a ameaça de dossiês potencialmente abrasivos e uma crescente contestação social. Temas como a reforma das aposentadorias, a ecologia, a imigração e o projeto de lei sobre a reprodução assistida prenunciam inflamados debates no Parlamento e na sociedade civil. Para o chamado Ato II de seu mandato, o líder francês se esforça em demonstrar que aprendeu lições da revolta dos coletes amarelos e que pretende encerrar seu quinquênio com um método de governança marcado pelo diálogo e a concertação, sem no entanto renunciar as suas ambições de reformar o país. Continue lendo Macron muda estilo para Ato II de seu governo

Francis Bacon ganha retrospectiva no Centro Pompidou, em Paris

Retrospectiva de Francis Bacon relaciona escritos de Ésquilo, Nietzsche, T. S. Eliot, Joseph Conrad, Georges Bataille e Michel Leiris com as obras do artista. Fotos ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – O pintor anglo-irlandês Francis Bacon (1909-1992), um dos artistas mais celebrados da segunda metade do século XX, rejeitava com vigor a onipresente classificação de suas criações como uma obra caracterizada pela temática da violência: “Não se pode jamais esquecer que um quadro não pode ser tão violento como a própria vida. E a vida é tão violenta…”. Diante de seus portraits disformes e distorcidos e de suas criaturas entre o humano e o animalesco, o rótulo colou com indolência como um sentimento geral, mesmo contra a sua vontade. Continue lendo Francis Bacon ganha retrospectiva no Centro Pompidou, em Paris

PERSONAGEM DA SEMANA: EMMANUEL MACRON

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PARIS – Antes acuado e abatido pelos longos meses de revolta dos coletes amarelos em cidades da França, com cenas de guerra civil e vandalismo explícito em Paris, o presidente Emmanuel Macron ressurgiu, neste final de férias do verão europeu, bronzeado e adulado após os três dias da cúpula do G7 organizada em Biarritz, balneário apreciado pelos surfistas à beira do Oceano Atlântico. Este não era, no entanto, o cenário mais previsível. O encontro anual dos líderes de Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá tinha tudo para acabar em mais um convescote diplomático de grandes potências em que nada se decide e tudo se complica. Em um abrasivo contexto mundial, eram esperadas turbulências meteorológicas na orla, fruto de costumeiras intempéries provocadas pelo presidente americano, Donald Trump, confessadamente avesso às instâncias multilaterais. Continue lendo PERSONAGEM DA SEMANA: EMMANUEL MACRON

Sistema multilateral é ‘alvo de ataque sem precedentes’ e ‘urge ser reinventado’, afirma chanceler da França

O chanceler francês Jean-Yves Le Drian. Governo francês ambiciona liderar reação a populismo e lançará iniciativa de cooperação em setembro. ©Patrick Kovarick/AFP

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PARIS – O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, defendeu a urgência de uma “reinvenção do sistema multilateral”, alvo atual de um ataque “sem precedentes”, para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, seja em relação aos conflitos comerciais ou às ameaças de uma nova corrida armamentista. O chanceler anunciou ainda a primeira reunião da Aliança pelo Multilateralismo, iniciativa lançada pela França e a Alemanha , para o final de setembro, em Nova York, em nível ministerial. Em seu discurso pronunciado na Conferência dos Embaixadores e Embaixadoras franceses, reunidos em Paris, na única vez em que o Brasil foi citado, houve risos na plateia de diplomatas, em um contexto de grave crise diplomática na relação franco-brasileira . Continue lendo Sistema multilateral é ‘alvo de ataque sem precedentes’ e ‘urge ser reinventado’, afirma chanceler da França

Análise: estrago nas relações entre Brasil e França deve demorar para ser reparado

Macron e Bolsonaro durante a cúpula do G20, em Osaka, no Japão. ©Jacques Witt/AFP

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PARIS – A crescente escalada verbal entre Brasil e França alcançou um nível inédito na história da relação bilateral, na avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO. Os recentes comentários do presidente Bolsonaro, via Twitter, e as respostas do líder francês Emmanuel Macron submergiram o diálogo franco-brasileiro às profundezas da diplomacia, um estrago que levará no mínimo meses a ser reparado, segundo analistas, e isso se as devidas medidas forem adotadas para apaziguar as atuais dissensões. Continue lendo Análise: estrago nas relações entre Brasil e França deve demorar para ser reparado

Quando puder falar com Brigitte Macron, vou dizer que é charmosa e bonita, diz embaixador do Brasil em Paris

O embaixador Luis Fernando Serra e Bolsonaro: “gestos de apaziguamento”. ©Marcelo Camargo/Agência Brasil

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PARIS – Recém-chegado em Paris, o embaixador brasileiro na França, Luís Fernando Serra , defende “gestos de apaziguamento” para distender a atual tensão nas relações entre os palácios do Planalto e do Eliseu. O diplomata adianta que elogiará a primeira-dama da França, Brigitte Macron, quando tiver a oportunidade de encontrá-la, mas acusa seu marido, o presidente Emmanuel Macron , de ter deflagrado as hostilidades entre os dois países. Continue lendo Quando puder falar com Brigitte Macron, vou dizer que é charmosa e bonita, diz embaixador do Brasil em Paris

Macron reage a comentário de Bolsonaro sobre sua mulher, e duelo verbal sofre escalada

Brigitte e Macron (ao centro) com Trump e Merkel ao fim do G7.: primeira-dama francesa se viu no centro da polêmica entre os dois países. ©Nicholas Kamm/AFP

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PARIS – O presidente da França, EmmanueMacron , reagiu nesta segunda-feira a um comentário feito no Facebook pelo presidente Jair Bolsonaro , que no sábado endossou a postagem de um internauta que zombava da primeira-dama francesa, Brigitte, 24 anos mais velha que o chefe de Estado.

Em entrevista coletiva ao lado do presidente do Chile, Sebastián Piñera, Macron disse que o comentário sobre Brigitte foi “triste” para os brasileiros, uma “vergonha” para as mulheres brasileiras e “extremamente desrespeitoso”. Afirmou ainda que “respeita” os brasileiros e que espera que “eles tenham muito rapidamente um presidente que se comporte à altura” do cargo. Continue lendo Macron reage a comentário de Bolsonaro sobre sua mulher, e duelo verbal sofre escalada

Macron isolado no boicote ao Mercosul

Os dirigentes do G7 em sua primeira reunião de trabalho, em Biarritz. ©G7/Pool

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PARIS – O presidente da França, Emmanuel Macron, assumiu publicamente um desafio no dia de abertura do encontro do grupo de países ricos do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá): prometeu “medidas concretas” ao final das discussões de polêmicos temas que serão abordados pelos grandes líderes presentes no balneário de Biarritz. As queimadas na Amazônia, introduzidas de última hora no cardápio da cúpula, é um dos principais pontos no visor presidencial francês. Continue lendo Macron isolado no boicote ao Mercosul

Cúpula da divisão: G7, que perdeu a relevância original, ocorre em contexto de divergências entre seus líderes

Amazônia é mais um dos temas que separam ultranacionalistas como Trump de internacionalistas como Macron; divisão inclui ainda Irã, Rússia, guerra comercial e Síria. ©Markus Schreiber/AP/SIPA

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PARIS – No status de anfitrião, o presidente francês, Emmanuel Macron, recebe de sábado a segunda-feira, no aprazível balneário de Biarritz, seus colegas do grupo de países ricos do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá) em um turbulento contexto mundial. Embora o tema central do encontro seja “a luta contra as desigualdades”, as expectativas giram em torno de conversas paralelas sobre polêmicos dossiês como a guerra comercial entre os EUA e a China, o acordo nuclear iraniano e a escalada de tensões entre Washington e Teerã, o conflito na região síria de Idlib, a situação na Ucrânia, as negociações do Brexit ou a urgência climática – reforçada pela indignação internacional insuflada pelas queimadas na Amazônia. Na avaliação de analistas, a cúpula presidida pela França, que não terá o tradicional comunicado final, é marcada de forma inédita por fortes dissensões entre seus participantes, igualmente envolvidos com importantes problemas domésticos Continue lendo Cúpula da divisão: G7, que perdeu a relevância original, ocorre em contexto de divergências entre seus líderes

Embaixada do Brasil na França tem protestos contra queimadas

A pedido do Embaixador Luís Fernando Serra, forças de segurança francesas ficaram de prontidão diante da Embaixada do Brasil na França, em Paris, durante manifestação contra as queimadas na Floresta Amazônica. Fotos © Fernando Eichenberg

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PARIS – Os protestos contra as queimadas na Amazônia chegaram às portas da Embaixada brasileira na França, instalada no número 34 da Cours Albert 1er, em Paris. Cerca de 300 pessoas, entre franceses – em maioria -, brasileiros e outras nacionalidades se reuniram diante do prédio oficial, portando cartazes e gritando palavras de ordem, para manifestar pela defesa da Floresta Amazônica e do meio ambiente. O evento foi organizado por associações como Youth For Climate, Fridays For Future, Extinction Rebellion France e Onestpret. Continue lendo Embaixada do Brasil na França tem protestos contra queimadas

Análise: Macron tem suas razões para comprar a briga da Amazônia

O presidente francês Emmanuel Macron vai ser o anfitrião da próxima reunião do G7. ©Francois Walschaerts/Reuters

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PARIS – A fumaça provocada pelas queimadas na Floresta Amazônica alcançou o Palácio do Eliseu. Às vésperas do início da cúpula do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), o presidente francês, Emmanuel Macron, não hesitou em convocar o tema para a reunião do clube de países ricos, evocando, inclusive, a urgência de uma “crise internacional” . “Nossa casa queima”, alertou o líder francês, retomando as palavras do discurso do então presidente Jacques Chirac na Rio+10, a conferência sobre o meio ambiente realizada em 2002, na cidade sul-africana de Johanesburgo. “Nossa casa queima e nós olhamos para o outro lado”, vaticinara Chirac. Continue lendo Análise: Macron tem suas razões para comprar a briga da Amazônia

Anastasia Mikova: cineasta fala sobre o filme “Woman”, que dá voz a duas mil mulheres de cerca de 50 países

Ao longo de três anos e meio, Anastasia Mikova conversou pessoalmente com mil personagens para o documentário. ©Peter Lindbergh

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PARIS – Anastasia Mikova, 37 anos, exibia um sorriso de satisfação ao chegar para a entrevista em um ensolarado pátio no bairro de Montmartre, na capital francesa, nas proximidades de sua casa. Há dois dias, havia finalizado a fase de montagem de seu mais novo filme, “Woman”, codirigido pelo célebre fotógrafo e cineasta francês Yann Arthus-Bertrand, com pré-estreia mundial em 1° de setembro, em projeção fora de competição na Mostra de Veneza. Foram mais de duas mil entrevistas com mulheres realizadas por três anos e meio em cerca de 50 países. Continue lendo Anastasia Mikova: cineasta fala sobre o filme “Woman”, que dá voz a duas mil mulheres de cerca de 50 países

Clément Therme: “Tensões aumentam risco de guerra entre Irã e EUA”

Manifestação no Irã contra os EUA do presidente Donald Trump. © Ebrahim Noroozi/AFP

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PARIS – Desde a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, em maio de 2018, e a imposição de sanções econômicas à Teerã, as tensões não cessam de aumentar entre os dois países. Para Clément Therme, especialista do Oriente Médio, o risco, hoje, de um conflito é real, e a pressão exercida pelo presidente americano, Donald Trump, fortalece a linha dura pregada pelos aiatolás iranianos, descartando o discurso dos moderados no país. Continue lendo Clément Therme: “Tensões aumentam risco de guerra entre Irã e EUA”

Lélia Wanick Salgado: “Não gosto de nada parado. O meu sangue roda rápido. Sempre fiz milhões de coisas ao mesmo tempo”

Lélia na Venezuela, em Salto Ángel, a mais alta cascata do mundo, com 979 metros de altura. @Arquivo Pessoal

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PARIS – Instalada em sua sala na agência de imprensa fotográfica Amazonas Images, no número 93 do quai de Valmy, face ao aprazível canal Saint Martin, em Paris, a arquiteta e urbanista Lélia Wanick Salgado, 72 anos, recorda sua mais recente incursão, há poucas semanas, na Floresta Amazônica: “Fiquei lá uns dez dias. Dormíamos em um barco estacionado em frente a uma aldeia yanomami. Fazíamos dois voos diários de helicóptero. O objetivo principal, desta vez, era fotografar as duas cachoeiras mais altas da Amazônia brasileira. É uma emoção quando a aparelho sobe e se vê aquela floresta que não acaba mais. É tão lindo”. O responsável pelas imagens aéreas, pendurado à porta do helicóptero, era Sebastião Salgado, seu companheiro de vida e de projetos há 55 anos. Continue lendo Lélia Wanick Salgado: “Não gosto de nada parado. O meu sangue roda rápido. Sempre fiz milhões de coisas ao mesmo tempo”

Como a brasileira Simone Menezes se tornou uma das poucas (e mais importantes) regentes de orquestra no mundo

Simone Menezes vive em Lille, no norte da França, de onde viaja para atuar como regente convidada em diferentes países. © Bruno Bonansea

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PARIS –  Tornar-se regente de orquestra não foi um plano precocemente concebido pela brasiliense Simone Menezes. Seu destino acabou sendo composto em uma partitura de forma quase natural. Aos seis anos de idade, já estudava piano. Três anos mais tarde, ensinava flauta para crianças de sua vizinhança, porque não via graça em tocar sozinha o instrumento. Aos 20, ainda durante sua graduação, criou a Orquestra Sinfônica Jovem da Unicamp e assumiu como regente assistente da Orquestra Sinfônica da USP. Naquela época, não havia se conscientizado de que estava adentrando em uma profissão predominantemente masculina, em que uma mulher com uma batuta na mão era percebida como uma ousadia e um comportamento inapropriado. Continue lendo Como a brasileira Simone Menezes se tornou uma das poucas (e mais importantes) regentes de orquestra no mundo

Manifestantes pedem transição na Argélia, mas militares mantêm o poder

Protestos no país já duram mais de quatro meses.© Ramzi Boudina/Reuters

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PARIS – Nesta terça-feira, 9 de julho, se encerra o prazo de 90 dias legais do governo interino da Argélia instituído após a queda do presidente Abdelaziz Bouteflika. As manifestações de rua que forçaram a renúncia do líder que permaneceu 20 anos no poder – e aspirava a um quinto mandato -, no entanto, não cessam há quatro meses, firmes em sua reivindicação por um processo de transição transparente e independente, sem a onipresente interferência do Exército e de representantes do antigo regime, que ainda controlam o sistema. Continue lendo Manifestantes pedem transição na Argélia, mas militares mantêm o poder

“A cultura do segredo permitiu a proteção de abusos”, diz autor de “No armário do Vaticano”

Missa na Praça São Pedro: Frédéric Martel afirma que a onipresença de homossexuais na Igreja se configurou em um sistema, com tendência homofóbica e papel importante nos jogos de poder e escândalos. © Alberto Pizzoli/AFP

FERNANDO EICHENBERBG / O GLOBO

PARIS –  Durante quatro anos, o sociólogo e jornalista francês Frédéric Martel mergulhou na Igreja Católica e no Vaticano, com temporadas em Roma e viagens por mais de 30 países. Realizou cerca de 1.500 entrevistas, incluídos 41 cardeais, 52 bispos e monsenhores, 45 núncios apostólicos e mais de 200 padres e seminaristas. Sua investigação resultou no livro de mais de 600 páginas “No armário do Vaticano – poder, hipocrisia e homossexualidade” (Objetiva), com edição brasileira prevista no início de julho. Martel procura mostrar como a onipresença de homossexuais na Igreja e nas altas hierarquias do Vaticano, em uma cultura do segredo, se configurou em um sistema – e não um “lobby gay” denunciado pelos ultraconservadores -, com papel importante nos jogos de poder e nos escândalos da instituição. Defende Francisco como um papa “gay friendly”, embora com lógicas limitações, e aponta um complô do campo dos conservadores radicais para forçá-lo à renúncia. Às vésperas de viajar ao Brasil para a promoção do livro, Frédéric Martel conversou com O GLOBO na capital francesa. Continue lendo “A cultura do segredo permitiu a proteção de abusos”, diz autor de “No armário do Vaticano”

“Todo investidor quer um ambiente estável”, diz ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, General Santos Cruz, em Paris

Santos Cruz: “Claro que há acomodações a se fazer na área política”. © Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – Para o ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, General Santos Cruz, não se deve “jogar fora nenhuma crítica” neste início de governo Jair Bolsonaro, nem mesmo as recentes acusações proferidas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que o Executivo de não possui uma agenda para o país. O general reconhece que “acomodações” precisam ser feitas na área política do governo e que todo investidor estrangeiro quer “um ambiente estável”; acredita que a reforma da Previdência será aprovada com modificações até julho; define as manifestações estudantis no país como parte do “andamento social”, e defende a “liberdade com responsabilidade” nos tuítes dos filhos do presidente. Continue lendo “Todo investidor quer um ambiente estável”, diz ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, General Santos Cruz, em Paris

Análise: Parlamento fragmentado reflete tensões da União Europeia e prenuncia confrontos políticos

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PARIS – Na esteira das eleições que marcaram o fim do ciclo de 40 anos no qual o Parlamento Europeu foi dominado por uma aliança de conservadores e social-democratas, começaram as negociações no tabuleiro político inédito formado pelo aumento das cadeiras conquistadas por liberais, ecologistas e populistas da direita radical. Continue lendo Análise: Parlamento fragmentado reflete tensões da União Europeia e prenuncia confrontos políticos

Populistas devem crescer, mas de forma limitada, nas eleições europeias

Poloneses carregando bandeiras da União Europeia participam de marcha neste sábado celebrando os 15 anos da adesão do país ao bloco, às vésperas de nova eleição para o Parlamento Europeu. © Janek Skarzynski/AFP

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PARIS – As eleições para o Parlamento Europeu, organizadas a cada cinco anos desde 1979, são reconhecidas como um pleito, embora de ambições continentais, dominado por questões nacionais, em debates políticos vinculados às realidades específicas de cada país. O paradoxo eleitoral permanece válido para o escrutínio desta semana, mas as campanhas deste ano, segundo analistas, alcançaram um maior teor europeu e uma inédita importância em relação às edições passadas, em grande parte pela emergência e crescimento dos partidos nacionalistas e de extrema direita, que usam o embate como tribuna para suas críticas ao atual funcionamento da União Europeia (UE). De acordo com as sondagens, as forças políticas populistas e da direita radical deverão incrementar seu número de eurodeputados em Bruxelas, ainda que de forma insuficiente para constituir maioria parlamentar. Continue lendo Populistas devem crescer, mas de forma limitada, nas eleições europeias

Ex-estrategista de Trump, Steve Bannon tenta influenciar direita radical nacionalista e populista na Europa

Bannon em palestra em Bruxelas: influência limitada na Europa. ©Eric Vidal/Reuters

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PARIS – Em queda de prestígio nos Estados Unidos desde que foi destituído do cargo de estrategista-chefe da Casa Branca pelo presidente Donald Trump, em 2017, o ultraconservador Steve Bannon procura reerguer sua imagem e refazer sua rede de influência se lançando como protagonista de uma união de forças populistas na Europa. Na opinião de analistas, no entanto, os dirigentes europeus não parecem seduzidos pelas ambições do guru americano, que goza de alta estima da parte do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos. Continue lendo Ex-estrategista de Trump, Steve Bannon tenta influenciar direita radical nacionalista e populista na Europa

Amin Maalouf traça um retrato sombrio do mundo com aumento das afirmações identitárias, dos populismos, do controle e da vigilância

Em seu mais recente ensaio, Amin Maalouf vê o mundo no caminho do naufrágio das civilizações. ©Fernando Eichenberg

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PARIS – O título do mais novo ensaio do escritor Amin Maalouf, lançado recentemente na França, não deixa dúvidas sobre seu diagnóstico do estado atual do mundo: “O naufrágio das civilizações” (Grasset). Em considerações históricas entremeadas de testemunhos pessoais, suas palavras descrevem as sociedades ocidentais e árabes em um quadro sombrio de desintegração, com o aumento da violência provocada pelas afirmações identitárias, a expansão dos populismos, o fracasso do projeto europeu, o egocentrismo americano e a ausência de um sistema internacional capaz de indicar um rumo a um planeta sem bússola. “O mundo, hoje, se assemelha a uma selva”, diz, em conversa com O Globo na capital francesa. Continue lendo Amin Maalouf traça um retrato sombrio do mundo com aumento das afirmações identitárias, dos populismos, do controle e da vigilância