PARIS – Entre janeiro e maio de 2020, o médico francês Philippe Juvin, diretor do serviço de emergência do Hospital Europeu Georges Pompidou, em Paris, manteve um diário sobre a pandemia, recém-lançado lançado em livro: “Je ne tromperai jamais leur confiacce” (Jamais trairei sua confiança, em tradiução livre), pela editora Gallimard. O livro traz suas preocupações e reflexões cotidianas como médico e homem público durante a crise, incluindo suas mensagens via Telegram com o presidente Emmanuel Macron (que hoje já não lhe responde mais). Há mais de 30 anos trabalhando na medicina de emergência, ex-deputado europeu e atual prefeito de La Garenne-Colombes (nos arredores de Paris), Juvin conversou com ÉPOCA em seu gabinete no conceituado hospital parisiense.
PARIS – Sete anos após o best-seller internacional “O capital no século 21”, vendido a mais de 2,5 milhões de exemplares, o economista francês Thomas Piketty está de volta às vitrines das livrarias com mais uma ambiciosa obra. Em “Capital e ideologia” (Intrínseca), procura traçar uma história econômica, social, intelectual e política das desigualdades em âmbito mundial. Diretor na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e professor da Escola de Economia de Paris, Piketty ampliou seu mapa de estudo ao analisar, além de Estados Unidos, Alemanha e Japão, casos de países como Brasil, China, Índia, Japão, Rússia, Suécia ou Irã, passando pelas sociedades feudais, os regimes escravocratas e as colônias americanas sob dominação europeia até chegar às democracias eleitorais atuais e ao “hipercapitalismo moderno”. Mas não se contenta com a perspectiva analítica e, ao final, sugere soluções, já alvo de polêmicas, para a construção de um novo horizonte igualitário de proporções universais, um tipo de “socialismo participativo” para o século 21, em uma nova ideologia da igualdade sob formas alternativas de organização da sociedade, da propriedade, da educação ou dos impostos. Na entrevista, ele lembra que governos de direita já adotaram políticas redistributivas diante de crises como a provocada pela Covid-19, e sugere que a tributação do patrimônio privado pode ser uma maneira de pagar os gastos excepcionais que os países estão tendo na pandemia.Continue lendo Economista francês thomas piketty, com novo livro lançado no brasil, fala sobre as soluções para as desigualdades no mundo e para a crise pós-pandemia da covid-19→
PARIS – Após mais de três meses de confinamento, a Mona Lisa se prepara para seu aguardado reencontro com o público saudoso de seu enigmático sorriso. Fechado desde 13 de março por causa das medidas de isolamento social de prevenção à Covid-19, o Museu do Louvre reabrirá suas portas no próximo dia 6. Desde a Segunda Guerra Mundial, o museu mais frequentado do mundo (9,6 milhões de visitantes em 2019) não permanecia por tanto tempo inativo. Seu presidente, Jean-Luc Martinez, no posto desde 2013, prevê um longo e difícil retorno, mas também uma oportunidade para questionamentos e reinvenção da célebre instituição em meio à crise pandêmica.
Como a pandemia afetou um ícone parisiense que não fechou nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial.
Frédéric Minerba, em depoimento a Fernando Eichenberg, de Paris
PARIS – “O sábado 14 de março foi um choque para nós no Café de Flore. Fomos prevenidos de última hora que deveríamos fechar as portas à meia-noite. Foi o mesmo para todos os bistrôs e cafés da França. Algo inédito. Estamos abertos todos os dias, das 7h30 à 1h30, durante o ano inteiro, não fechamos nunca. É uma tradição. E só fomos reabrir na semana passada. Durante a quarentena, clientes me enviavam fotos do café e arredores mostrando tudo deserto. Era uma sensação muito estranha.Continue lendo A REABERTURA NO PÓS-QUARENTENA DO CAFÉ DE FLORE, O CAFÉ DOS ARTISTAS→
PARIS – Médico formado em epidemiologia e patologias tropicais, o francês Rony Brauman é um dos fundadores da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), a qual presidiu de 1982 a 1994, acompanhando in loco epidemias como a cólera ou a ebola. Em entrevista ao GLOBO, Brauman, que hoje é membro do Centro de Reflexão sobre a Ação e os Saberes Humanitários (Crash), integrado ao MSF, defende uma total refundação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e faz outras ponderações. Acredita que a cloroquina é ineficaz no tratamento da Covid-19; lamenta a atitude do governo Bolsonaro face à doença; alerta para uma eventual retorno mais violento da pandemia, e afirma: o que esta epidemia contém de “radicalmente novo é a conscientização planetária de um risco compartilhado”. Continue lendo “Cada tribo enxerga na pandemia a confirmação de suas convicções” diz fundador dos Médicos Sem Fronteiras (MSF)→
PARIS – Após 55 dias confinados, os franceses recomeçaram a retornar às ruas nesta segunda-feira, em meio incertezas e estranhezas, e em uma vida bem diferente daquela que existia antes do surgimento da pandemia. “Desconfinados, mas não liberados”, em um novo regime de “semiliberdade”, eram definições de sentimentos emergidos neste primeiro dia de desconfinamento no país. Continue lendo ‘Desconfinados, mas não liberados’: franceses vivem seu primeiro dia sem quarentena total→
PARIS – A goiana Adavânia de Fátima, 40 anos, juntou suas economias e desembarcou na França em novembro, junto com o marido, 46, e o filho, 13, em busca de uma vida melhor. Os pais aspiravam a uma “educação de primeiro mundo” para o filho e a um cotidiano “longe da violência de Goiânia”. Os noviços imigrantes, no entanto, não deram sorte:
– Já em dezembro começou a greve dos metrôs (contra o projeto de reforma da aposentadoria do governo francês), e logo depois veio a pandemia do coronavírus, que foi uma balde de água gelada. Dizem que o início é sempre difícil. Mas estou esperando este início acabar para que as coisas possam melhorar – desabafa. Continue lendo Rede de solidariedade nos subúrbios de Paris ajuda brasileiros na pandemia→
PARIS – Já em dificuldades em tempos normais face às crescentes invasões de suas terras, as comunidades indígenas da Amazônia se veem ameaçadas pela progressão da Covid-19 na região. Indefesos e precariamente assistidos, os índios, naturalmente mais fragilizados para lutar contra os efeitos do coronavírus e sem a ajuda necessária para evitar o contágio comunitário, favorecido pelas penetrações em seus territórios, travam um combate desigual contra pandemia. O Ministério Público Federal (MPF), diversas entidades indigenistas e vozes individuais têm alertado para o alto risco de um genocídio das populações. “Viroses respiratórias foram vetores do genocídio indígena em diversos momentos da história do país”, havia ressaltado o MPF, ao solicitar medidas imediatas de parte dos órgão públicos competentes.
PARIS – Os 27 chefes de Estado e governo da União Europeia (UE) concordaram com a criação de um fundo comum para financiar a retomada da economia nos países do continente, em um quadro de grave recessão causada pela pandemia da Covid-19. Divergências profundas persistem, no entanto, sobre a montagem e funcionamento deste novo instrumento. Em uma reunião por meio de videoconferência, nesta quinta-feira, os líderes encarregaram a Comissão Europeia de detalhar as condições do dispositivo de ajuda financeira até o início de maio. Continue lendo Líderes europeus lançam fundo de reconstrução pós-pandemia, mas ainda divergem sobre detalhes→
PARIS – A França já tem uma data para iniciar um desconfinamento progressivo no país: 11 de maio. A quarentena, que até então estava estipulada até 15 de abril, foi prorrogada por mais 25 dias pelo presidente Emmanuel Macron, em anúncio feito à população em cadeia nacional. Em um raro mea-culpa, o líder francês reconheceu falhas do governo no enfrentamento da crise provocada pelo Covid-19. Para o futuro, prometeu uma “reinvenção” de si mesmo e pregou uma “refundação” da França e da Europa, com maior independência econômica e estratégica. Continue lendo Em pronunciamento sobre pandemia, Macron promete se ‘reinventar’ e prega a ‘refundação’ da França e da Europa→
Entrevistas, reportagens e textos de um jornalista em Paris