FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO
PARIS — Entre os livros de cabeceira da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, se encontra a obra Tudo vai melhorar, da escritora Almudena Grandes. Nessa novela póstuma, a premiada autora espanhola, falecida no final de 2021, criou um enredo de resiliência e solidariedade em uma realidade distópica pós-coronavírus. Hidalgo revela ser intimamente marcada pelas “impressões futuristas” de pessoas que investigam o mundo, a política e a alma humana, e que são capazes de vaticinar: “Isso poderá acontecer se nada fizermos”.
Ninguém poderá dizer que a prefeita pouco fez em dez anos, em dois períodos consecutivos no comando de uma das capitais mais emblemáticas do planeta — eleita em 2014 e reeleita em 2020, seu atual mandato se encerra em 2026. Seus projetos para Paris receberam numerosos apoios mas também severas críticas, às quais nunca renunciou em rebater. “Como eu resisto? Defendendo minhas ideias, com entusiasmo e alegria. Para mim, não é um sacrifício nem um sacerdócio. Faço o que penso que devo fazer e o que tenho vontade de fazer”, diz com determinação ao receber o caderno ELA, de O Globo, em seu amplo gabinete na secular sede da Prefeitura, no centro da cidade, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Paris..