Arquivo da categoria: Exposição

van gogh: 74 quadros em 70 dias antes de morrer

Raízes de árvores, úiltimo quadro pintado por Van Gogh, no dia de sua tentativa de suícidio.

Em 20 de maio de 1890, Vincent Van Gogh, aos 37 anos, se mudou para Auvers-sur-Oise, vilarejo ao norte de Paris. O artista queria ficar próximo de seu irmão Theo, que morava na capital francesa, e esperava melhorar de suas crises psicológicas junto ao Dr. Gachet, especialista no tratamento da “melancolia” e também um colecionador de arte, pintor amador e amigo dos impressionistas. Em 29 de julho, Van Gogh morreu em consequência de uma tentativa de suicídio cometida dois dias antes, ao atirar contra o próprio peito com um revolver calibre 7mm. Nestes poucos mais de dois meses em Auvers-sur-Oise, produziu 74 quadros e 33 desenhos, incluindo algumas de suas obras mais emblemáticas, como A igreja de Auvers, O doutor Gachet, Autorretrato e Campo de trigo com corvos.

Em uma das mais aguardadas exposições do outono parisiense, o Museu d’Orsay apresenta “Van Gogh em Auvers-sur-Oise, os últimos meses”, na qual apresenta uma importante parte dessa profícua produção dos derradeiros momentos de vida do artista, que em um frenesi criativo pintava de uma a duas telas por dia. Trata-se de uma rara reunião de obras, de cerca de 50 telas e duas dezenas de desenhos, incluindo, pela primeira vez juntas, 11 das 13 criações da série panorâmica, composta de telas de 50 centímetros de altura por um metro de largura. A exposição, que ficará aberta até o dia 4 de fevereiro, inclui ainda cartas, objetos pessoais e também um espaço de realidade virtual.

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em Paris, a arte resiste como pode à pandemia e novas exposições mostram as cores de matisse e esculturas de michelangelo e de donatello

Matisse ganha importante exposição no Centre Pompidou. Museu Louvre expõe esculturas de Michelangelo e Donatello. Fotos: ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – A segunda onda da epidemia do coronavírus na Europa, com a imposição do toque de recolher e de novas restrições às populações, não impediu a inauguração de grandes exposições de outuno previstas em importantes museus parisienses. Nesta semana, duas mostras abertas ao público propiciam uma lufada de arte e um afago no espírito em meio a estes tempos pandêmicos: as coloridas telas de Matisse e as intensas esculturas de Michelangelo, Donatello e outros artistas de seu tempo.

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Louvre inaugura a maior exposição já realizada sobre Leonardo da Vinci

“A Virgem e o Menino com Santa Ana” (1503-1519). ©RMN-Grand Palais (museu do Louvre)/René-Gabriel Ojéda

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Um artista colossal como o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) merecia, nos 500 anos da sua morte, uma homenagem à altura de sua genialidade. Pode-se dizer que o Museu do Louvre não moderou esforços para isso. A instituição celebra a data reunindo um número inédito de obras de sua autoria em um mesmo espaço para exibição ao público. “Leonardo da Vinci”, mostra que será aberta ao público nesta quinta-feira, e que promete se inscrever como um dos maiores eventos da história do museu parisiense, expõe mais de 160 trabalhos do mestre renascentista, entre pinturas, desenhos, esculturas e manuscritos. A exposição inova também ao revelar o desenvolvimento do método criativo de Da Vinci por meio da exibição de reflectografias de infravermelho de telas do pintor, resultado de análises científicas feitas ao longo dos últimos anos. Ao final do percurso, o visitante poderá viver ainda uma experiência de realidade virtual com a “Mona Lisa”, uma dos mais icônicos quadros do planeta.

‘Cabeça de mulher’ ou ‘La Scapigliata’, pintura em óleo sobre madeira realizada entre 1501-1510,  © Galeria Nacional de Parma

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Francis Bacon ganha retrospectiva no Centro Pompidou, em Paris

Retrospectiva de Francis Bacon relaciona escritos de Ésquilo, Nietzsche, T. S. Eliot, Joseph Conrad, Georges Bataille e Michel Leiris com as obras do artista. Fotos ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – O pintor anglo-irlandês Francis Bacon (1909-1992), um dos artistas mais celebrados da segunda metade do século XX, rejeitava com vigor a onipresente classificação de suas criações como uma obra caracterizada pela temática da violência: “Não se pode jamais esquecer que um quadro não pode ser tão violento como a própria vida. E a vida é tão violenta…”. Diante de seus portraits disformes e distorcidos e de suas criaturas entre o humano e o animalesco, o rótulo colou com indolência como um sentimento geral, mesmo contra a sua vontade. Continue lendo Francis Bacon ganha retrospectiva no Centro Pompidou, em Paris

Michael Jackson revive na arte contemporânea em mostra no Grand Palais

“Trata-se da primeira exposição abordando Michael Jackson, sob este ângulo até então ignorado, por meio de seu impacto, ainda muito forte hoje, na arte contemporânea”, diz Nicholas Cullinan, curador da exposição. ©Fernando Eichenberg/fotos das obras e da mostra

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – Certa vez, perguntado sobre que personalidade, morta ou viva, gostaria de encontrar por apenas uma hora, Michael Jackson respondeu: Michelangelo. “Sempre pensei que era o artista mais fabuloso, e eu amo arte. Penso que se pudesse encontrar alguém do passado, seria ele. Acredito que entendi o que ele queria dizer e fazer, mesmo que tenha sido criticado. Era um verdadeiro artista. Teria gostado de sentar e conversar com ele”, disse. Amante e colecionador de arte –  do barroco italiano ao universo de Walt Disney, passando por Degas e Norman Rockwell, entre tantos outros -, Michael Jackson não escondia sua predileção por Michelangelo, inclusive recorrendo com frequência à citações do gênio italiano do Renascimento: “Sei que o criador partirá, mas sua obra sobreviverá. Por isso, para escapar da morte, procuro acorrentar minha alma ao meu trabalho” era uma de suas preferidas. Em suas turnês europeias, o ídolo pop não perdia oportunidades para fazer visitas privadas na Capela Sistina, na Galleria degli Uffizi, no Museu do Louvre ou no Castelo de Versalhes. Continue lendo Michael Jackson revive na arte contemporânea em mostra no Grand Palais

David Hockney exibe suas múltiplas faces artísticas no Centro Pompidou

“Portrait of an artist (Pool with two figures)”, de 1972 ©David Hockney

FERNANDO EICHENBERG / PARIS – “Eu tenho 80 anos, mas me sinto ainda excitado com a ideia de experimentar. Picasso disse: ‘Quando pinto, parece que tenho 30 anos’. Eu também!”. A afirmação é do inquieto David Hockney, um dos mais renomados artistas britânicos contemporâneos, 80 anos recém-completados no último dia 9, e atualmente celebrado com uma vasta retrospectiva no Centro Pompidou, em Paris. Continue lendo David Hockney exibe suas múltiplas faces artísticas no Centro Pompidou

Oscar, born to be Wilde

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Oscar Wilde fotografado por Napoleon Sarony, em 1882. © Biblioteca do Congresso dos EUA

FERNANDO EICHENBERG/ZERO HORA

PARIS – “A melhor maneira de livrar-se de uma tentação é ceder a ela”. “Viver é a coisa mais rara do mundo; a maioria das pessoas se contenta em existir”. “Há duas tragédias na vida: uma é satisfazer seus desejos, e a outra é não satisfazê-los”. “Dizer que um livro é moral ou imoral não tem sentido; um livro é bem ou mal escrito”. “Democracia: a opressão do povo, pelo povo e para o povo”.  “Quando os deuses querem nos punir, eles atendem as nossas preces”. Quem já não leu ou ouviu uma destas máximas? As espirituosas sentenças e aforismos se reproduzem às dezenas pela pena do escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), de quem se diz que hoje seria um incansável fraseador do twitter de 140 caracteres. O dândi provocador, esteta, crítico de arte, dramaturgo e autor de poemas, contos, ensaios e de um romance é atualmente tema de uma inédita exposição no Petit Palais, em Paris. Continue lendo Oscar, born to be Wilde

Hergé, criador de Tintim, invade o Grand Palais

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Retrato de Hergé feito pelo artista Andy Warhol, em 1977 © The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc. / ADAGP, Paris 2016 – © Jean–Pol Stercq / ADAGP, Paris 2016.

FERNANDO EICHENBERG / ZERO HORA

PARIS – Exatos trinta anos depois que o italiano Hugo Pratt, criador do memorável Corto Maltese, foi acolhido com uma exposição no prestigioso Grand Palais, a história em quadrinhos (HQ) é novamente celebrada nos nobres espaços do museu parisiense. Desta vez, o homenageado é o belga Hergé (1907-1983), genitor em 1929 do intrépido repórter aventureiro Tintim e seu inseparável cão Milu, além do Capitão Haddock, da cantora de ópera Bianca Castafiore, do professor Girassol e dos detetives Dupond e Dupont, protagonistas de um total de 24 álbuns de sucesso planetário. Continue lendo Hergé, criador de Tintim, invade o Grand Palais

Os sonhos lúcidos do surrealista René Magritte

René Magritte, Décalcomanie, 1966, © Photothèque R. Magritte / Banque d'Images, Adagp, Paris, 2016
René Magritte, Décalcomanie, 1966, © Photothèque R. Magritte / Banque d’Images, Adagp, Paris, 2016

FERNANDO EICHENBERG/ ZERO HORA

PARIS – “Abusa-se da palavra ‘sonho’ em relação a minha pintura”, queixou-se certa vez o artista belga René Magritte (1898-1967), considerado como um dos expoentes do surrealismo. O célebre pintor e suas nuvens, chapéus, cortinas, maçãs, velas, cachimbos, corpos fragmentados, personagens ou pássaros – em suas mais variadas combinações – invadiram os espaços do Centro Pompidou, em uma ambiciosa exposição parisiense neste início de outono europeu. Magritte, a traição das imagens reúne uma centena de telas, desenhos e documentos de arquivos, sem, no entanto, se reivindicar como retrospectiva do pintor. Continue lendo Os sonhos lúcidos do surrealista René Magritte