Rafael Nadal, rei do saibro, vence “La Décima” em Roland Garros

Nadal se atira na quadra após vencer seu décimo título em Roland Garros. Foto: C.Dubreuil-FFT

FERNANDO EICHENBERG  ∕  O GLOBO

PARIS – O espanhol Rafael Nadal sacramentou seu status de melhor tenista no saibro ao vencer seu décimo título no torneio de Roland Garros, em Paris, em um feito inédito e histórico. Em apenas duas horas e cinco minutos de jogo, o inconteste rei do Grand Slam francês despachou o suíço Stan Wawrinka em três sets: 6-2, 6-3 e 6-1. Ao final do partida, Nadal chorou sentado em sua banco à beira da quadra Philippe Chartrier, escondendo o rosto com uma toalha, antes da cerimônia de premiação.

“Roland Garros é o mais importante do ano para mim, este troféu significa muito para mim. Quando chego em Paris, estou nervoso e sei que será difícil para mim. E acada ano é mais duro, porque sei que estou ficando mais velho. No ano passado tive problemas aqui. O Aberto da França significa duas semanas de muita pressão, e finalmente quando você ganha o troféu e tudo repentinamente acaba, há uma queda da adrenalina e emergem um monte de emoções”, disse Nadal na entrevista coletiva após o jogo.

Foto: Fernando Eichenberg

O espanhol comemorou sua boa forma física e seu alto nível de jogo desde o início do ano e, sobretudo, em Roland Garros: “Joguei muito bem durante todo o torneio, desde o início. Penso que foi um perfeito Roland Garros para mim. Venci a final em duas horas porque não perdi um só set e e não cheguei nem a ter um 5-5 em games em todos os jogos nestas duas semanas aqui”,

Com sua 79ª vitória no total de 81 jogos disputados em Roland Garros, e na terceira vez em que levantou a taça em Paris sem perder um único set, Nadal alcançou 15 títulos de Grand Slam em sua carreira, ainda atrás das 18 conquistas de Roger Federer, mas à frente de Pete Sampras (14) e de Novak Djokovic e Roy Emerson (12). Nenhum nome do tênis masculino havia conseguido até hoje alcançar o número mágico de dez vitórias em um mesmo Grand Slam. Nadal iguala o feito da tenista Margaret Court, que triunfou dez vezes no Grand Slam de seu país, o Aberto da Austrália.

Foi o primeiro troféu de um Grand Slam ganho por Nadal após três anos de jejum, período em que acumulou maus desempenhos e problemas físicos, chegando a cair para a décima posição no ranking mundial, em junho de 2015. Com o título deste domingo, o espanhol sobre para a segunda posição na classificação dos melhores do mundo deste ano, atrás apenas de Andy Murray.

Na tribuna presidencial, estava o rei Juan Carlos da Espanha, amigo pessoal de Nadal. Já a cobiçada taça do charmoso e prestigioso toernio foi apresentada na aiqdra central pela atriz Nicole Kidman e pelo campeão olímpico francês Tony Estanguet. Pela façanha da “La Décima”, o campeão espanhol recebeu um réplica exata do mítico troféu para levar para casa – o único até hoje a ter esta regalia -, entregue pelas mãos de seu tio e treinador Tony Nadal.

Stan Wawrinka apareceu abatido para a entrevista coletiva após a derrota, como não poderia deixar de ser, e reconheceu a superioridade de seu oponente: “Nadal está jogando em seu melhor nível no saibro. Ele é agressivo, e era o Rafa que eu esperava. Ele e Roger (Federer) são fortes porque levam o adversário a hesitar. Mesmo que eu soubesse o que queria fazer em quadra, tive muitas pequenas dúvidas sobre qual golpe deveria escolher. E quando você sofre estas hesitações contra jogadores deste alto nível, acaba pagando.

GUGA RECEBE HOMENAGEM

O brasileiro tricampeão de Roland Garros, Gustavo Kuerten, foi homenageado na quadra central Philippe Chartrier – onde levantou a taça em 1997, 2000 e 2001 -, antes do início do embate entre Nadal e Wawrinka na quadra. Ovacionado pelo público presente, no ano em que celebra os 20 anos de seu primeiro e inesperado título no saibro francês, Guga recebeu uma anel do Tennis Hall of Fame, na presença de grandes campeões do passado como Stan Smith, Ion Tiriac, Manolo Santana, Nicola Pietrangeli, Kim Clijsters, Todd Martin ou,Guillermo Vilas. A breve cerimônia teve direito a um coração formado por grandes bolas de tênis, numa referência ao gesto de Guga em 2001, quando desenhou com a raquete um coração após sua batalha contra o americano Michael Russel, nas quartas de final, e depois da vitória na final, contra Alex Correjta. “Cada vez que eu venho aqui é muito especial. É um sentimento indescritível. Sou muito agradecido por tudo o que vocês fizeram e ainda fazem. Para sempre, Roland Garros será especial no meu coração,” disse o brasileiro, visivelmente emocionado.