Fundação Henri Cartier-Bresson inaugura nova sede em Paris com exposição da fotógrafa Martine Franck

FERNANDO EICHENBERG

PARIS – A Fundação Henri Cartier-Bresson, instalada desde sua criação, em 2003, no bairro Montparnasse, muda de endereço em Paris. Seus novos espaços, de acabamento recém-finalizado, serão abertos ao público nesta terça-feira, dia 6, no número 79 da rue des Archives, em pleno bairro Marais. A nova Fundação inaugura com uma exposição retrospectiva da fotógrafa Martine Franck (1938-2012), em cartaz até 10 de fevereiro.

Praia, aldeia de Puri, Índia, 1980. ©Martine Franck/Magnum Photos

Belga, nascida em Anvers, Martine Franck cresceu nos Estados Unidos e estudou na Inglaterra, Espanha e França. A descoberta da fotografia se deu em uma viagem iniciática ao Oriente (China, Japão, Índia, Nepal, Camboja, Afeganistão, Paquistão, Irã), em 1963, em sua maior parte na companhia de sua amiga Ariane Mnouchkine (que no ano seguinte fundaria o Théâtre du Soleil). Fotógrafa independente, teve seus trabalhos publicados em veículos como Life, New York Times e Vogue, e trabalhou nas agências Vu, Viva (que ajudou a fundar) e Magnum. Amiga de Michel Foucault, Balthus, Pierre Boulez, Marc Chagall ou Pierre Alechinsky, conheceu o célebre fotógrafo francês Cartier-Bresson (1908-2004), trinta anos mais velho do que ela, em 1966, e se casaram em 1970. Cartier-Bresson, Martine Franck e a filha do casal, Mélanie, criaram juntos a fundação, inaugurada pouco menos de um ano antes da morte do fotógrafo.

Piscina concebida por Alain Capeillères, Le Brusc, 1976. ©Martine Franck/Magnum Photos

“Uma fotografia não é necessariamente uma mentira, mas também não é a verdade. É preciso estar pronto a saudar o inesperado”. Martine Franck”

Exposição Pinturas do Imaginário, Simbolistas e surrealistas, tela de Paul Delvaux, Grand Palais, 1972. ©Martine Franck/Magnum Photos

“O aparelho é em si uma fronteira, só se consegue passar para o outro lado se esquecendo a si mesmo, momentaneamente”. MF

Tory Island, Donegal, Irlanda, 1995. ©Martine Franck/Magnum 

“O que me espanta na fotografia é que há uma vontade de compreender, de se compreender. É uma busca incessante da vida”. MF

Martine Franck fotografada por Henri Cartier-Bresson, Veneza, Itália, 1972. © Henri-Cartier-Bresson/Magnum Photos

“Eu me sinto interessada pelo que se passa no mundo e implicada em tudo que me rodeia. Não quero somente ‘documentar’, quero saber porque tal coisa me incomoda ou me atrai, e como uma situação pode afetar a pessoa envolvida. Não procuro criar uma situação e não trabalho nunca em estúdio; busco, sobretudo, a compreender, a apreender a realidade. Eu encontrei na fotografia uma linguagem que me convém”. MF

Martine Franck e Henri Cartier-Bresson, numa das fotos projetadas num diaporama à entrada da exposição. © Reprodução

A partir de 21 de fevereiro, a Fundação exibirá uma mostra do fotógrafo sul-africano Guy Tillim, laureado do prêmio Henri Cartier Bresson 2017. Na sequência, de 13 de junho a 25 de agosto, haverá uma exposição do escritor e fotógrafo americano Wright Morris (1910-1988). De 4 de setembro a 17 de novembro, o homenageado será o próprio Cartier-Bresson, com uma seleção de suas fotos feitas na China.