FERNANDO EICHENBERG / FOLHA DE S. PAULO
PARIS – O pensador Michel Maffesoli, reconhecido estudioso da pós-modernidade, credita grande parte dos conflitos atuais na sociedade francesa a uma inabilidade em acolher o retorno do sagrado e do religioso, que na falta de espaços de expressão gera desvios perversos e favorece a sedução de jovens pelo islamismo radical.
Na sua opinião, a laicidade francesa não soube integrar o religioso de forma harmônica e em “doses homeopáticas”, segundo sua própria metáfora.
Para ele, que lançou neste mês, em coautoria com Hélène Strohl, o ensaio “La France Étroite – face au intégrisme laïc, l’idéal communitaire” (“a França estreita – diante do integrismo laico, o ideal comunitário”, em tradução livre), a França vive hoje um delicado momento de mutação, rumo a uma sociedade concebida como um mosaico de culturas, em detrimento da República “una e indivisível” dos tempos modernos.