Algoz do Brasil na Copa de 86 elogia Seleção de Tite: “Equipe não afrouxa”

Luis Fernandez, carrasco do Brasil no México, em 1986. ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO

PARIS – Em 26 de junho de 1986, no estádio Jalisco de Guadalajara, no México, o francês Luis Fernandez emudeceu o Brasil ao converter o pênalti decisivo que eliminou a Seleção de Zico e Sócrates nas quartas de final da Copa do Mundo (os franceses acabaram derrotados na semifinal pela Alemanha). Como jogador, Fernandez se ilustrou também no PSG. Como treinador, comandou o próprio clube da capital parisiense, mas também equipes estrangeiras, como o Athletic Bilbao. Hoje, aos 58 anos, é diretor esportivo do centro de formação do PSG. Para ele, a Seleção de Tite evoluiu em diferentes níveis em relação à equipe que naufragou no Mundial do Brasil, em 2014.

O pênalti marcado por Luis Fernandez, contra o goleiro Carlos, que eliminou o Brasil em 1986.

– É uma equipe que conquistou bastante maturidade e experiência, e também uma motivação. 2014 foi um trauma, um péssimo momento para o Brasil. Eu estava lá, e testemunhei a tristeza e a dor no Rio. O futebol é o Brasil. Cresci com 1970, Pelé, Gérson… Joguei com jogadores brasileiros, tive atletas brasileiros no PSG. Sempre considerei os jogadores brasileiros como os melhores, são artistas, mágicos, que trazem outra coisa ao futebol. Por isso, 2014 foi difícil de viver. Mas, hoje, penso que a Seleção se relançou, com um um novo técnico, nova comissão técnica e com jogadores que têm a motivação para buscar outro título de campeões do mundo. Possui jogadores em todas as posições para serem os melhores – diz.

Na sua opinião, a Seleção atual possui « força e qualidade » no plano defensivo, jogadores « bastante complementares » no meio campo, e três ou quatro nomes no ataque que « podem fazer a diferença ».

O líder é Neymar. É aquele que traz velocidade, espontaneidade, genialidade. Quando ele está muito inspirado, faz muitos estragos. Gosto bastante também de Gabriel Jesus, Philippe Coutinho, Firmino, além dos outros parisienses, Dani Alves, Thiago, Marquinhos. Também há Marcelo. Aprecio igualmente Felipe Melo. Paulinho está retomando sua qualidade e confiança no Barcelona. E há Fernandinho, Casemiro, muita gente. É melhor para o treinador ter a dificuldade da escolha. Ele possui jogadores para qualquer esquema, 4-3-3, 4-4-2, o que quiser.

Ele aponta também uma evolução no plano mental e psicológico da Seleção:

– É uma outra equipe. Se sente que houve uma mudança, algo se passou. Hoje, não afrouxa mais. Assisti à alguns dos jogos das eliminatórias, e dá para ver que essa equipe tem um outro estado de espírito. E ela tem estilo e um projeto de jogo, sempre com seu lado criativo.

Fernandez coloca também a França entre as seleções que podem ter um bom desempenho no Mundial da Rússia.

A França está com seleção bastante talentosa atualmente, e penso que, 20 anos depois, poderia ocorrer uma nova final contra o Brasil (risos). O treinador (Didier Deschamps), possui também ótimos jogadores. É um bom técnico, como Tite e Joachim Löw (Alemanha). Como surpresa, pode aparecer a Bélgica, com seu treinador, Roberto Martínez e, como auxiliar técnico, Thierry Henry. Vamos ver igualmente o que nos apresentará a Argentina. E a Espanha está voltando a ser competitiva.

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