“A balsa de Lampedusa” e o drama dos refugiados

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A instalação “A balsa de Lampedusa”, do artista francês Pierre Delavie, no Rio Sena, em Paris.

Em 2016, 63.732 pessoas tiveram a entrada rejeitada na França, contra 15.849 no ano anterior, um significativo aumento de… 302%. O impressionante crescimento é fruto do recrudescimento do controle estabelecido nas fronteiras provocado pela constante ameaça terrorista e pela vaga de refugiados no continente. As questões em torno das políticas de imigração e de asilo e dos refugiados são temas centrais da campanha para as eleições presidenciais deste ano na França.

E os dados oficiais recentemente revelados pelo Ministério do Interior ajudaram a alimentar o debate. Houve um total de 85.244 pedidos de asilo (+6,5% em um ano). Os dez primeiros países de origem dos requerentes são: Sudão, Afeganistão, Haiti, Albânia, Síria, Congo, Guiné, Bangladesh, Argélia e China. No ano passado, 227.500 cidadãos oriundos de países não membros da União Europeia receberam um primeiro visto de permanência na França (+4,6% em relação a 2015); destes, 32.285 emigraram por razões humanitárias (+41% em um ano) e 22.575 por motivos econômicos (+9,4%). Em 2016, a França acolheu 2.696 do total prometido de 30 mil refugiados, em um período de dois anos, provenientes da Grécia e da Itália. Além disso, 3.005 refugiados sírios foram aceitos no quadro de “reinstalação” desde o Líbano, a Jordânia e a Turquia. Houve um forte aumento na concessão de primeiros vistos de refugiados: 19.845 (+45%). E o número de pessoas com direito a receber algum tipo de proteção no país aumentou de 35% em um ano: 19.506.

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A foto original do naufrágio, feita pela Marinha italiana.

O artista Pierre Delavie também quis participar da discussão, mas a sua maneira, com uma obra. Reproduziu em enormes dimensões, sobre uma lona, uma foto de um barco de refugiados naufragando, feita pela Marinha italiana no Mediterrâneo, e instalou no rio Sena, em frente à Île de la Cité, no centro de Paris, provocando um efeito real. A criação foi batizada de “A balsa de Lampedusa”, em uma dupla referência: a ilha grega de Lampedusa, onde desembarcam milhares de refugiados, e a tela “A balsa da Medusa”, o trágico naufrágio pintado por Théodore Géricault (1791-1824). O artista fez algumas modificações na foto original: “Acrescentei retratos de parisienses feitos ao acaso, como se fossem também refugiados em perigo. Para lembrar a todos que eles somos também nós”, explicou.

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“A balsa da Medusa”, obra de Théodore Géricault, pintada entre 1818-1819.