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“Ôle, Ôle, Ôle, Nole”

Novak Djokovic deita no coração que desenhou no saibro da quadra de Roland Garros, após sua vitória, como fez Guga ao comemorar o tricampeonato em 2001.

FERNANDO EICHENBERG / OGLOBO                                                           

PARIS – Com sua raquete, Novak Djokovic desenhou um coração no saibro da quadra central de Roland Garros e se deitou em seu centro. Repetiu o gesto do ídolo Gustavo Kuerten, quando o brasileiro levantou o troféu do tricampeonato do torneio francês em 2001.

– Eu perguntei ao Guga se poderia fazê-lo, e ele me deu permissão- contou no microfone, em suas palavras diante dos espectadores. Foi a sua maneira de comemorar a tão esperada vitória em Paris, após três fracassadas tentativas (nas finais de 2012, 2014 e 2015), ao derrotar o escocês Andy Murray por 3∕6-6∕1-6∕2-6∕4 em três horas e três minutos de partida.

A façanha do domingo 5 de junho de 2016 faz do sérvio o primeiro tenista a conquistar os quatro torneios do Grand Slam (Melbourne, Paris, Wimbledon e Nova York) de forma consecutiva desde 1969, ano em que o australiano Rod Laver alcançou pela última vez o mesmo feito. Nole, como é chamado por seus fãs, se tornou o oitavo tenista a realizar a sonhada epopeia do Grand Slam – na era aberta do tênis, apenas quatro igualaram a marca: além de Laver, André Agassi, Roger Federer e Rafael Nadal.Com a taça francesa na estante, o atual número 1 do mundo registra, aos 29 anos de idade, o invejável currículo de 65 títulos no circuito profissional, sendo 12 deles em Grand Slams. Djokovic ainda terá a chance de ganhar os dois Grand Slams que restam este ano, o torneio de Wimbledon e o U.S. Open, ampliando sua lenda e se aproximando do topo de vencedores (a sua frente estão Federer, com 17 vitórias, e Nadal e Pete Sampras, com 14).

– Não quero soar arrogante, mas acredito que tudo pode ser conquistado na vida. Ganhar este troféu hoje, pela primeira vez, me deu tanta felicidade. Agora só o que quero é curtir isso. Ainda posso vencer mais Grans Slams este ano, mas confesso que não estou pensando nisso neste momento – disse na entrevista coletiva após o jogo, ostentando a taça de Roland Garros ao seu lado e definindo a vitória como “um dos momentos mais lindos” de sua carreira.

“Ôle, Ôle, Ôle, Nole”, gritava o público torcedor do sérvio para incentivá-lo em quadra. Mas nem foi preciso exercitar em demasia as cordas vocais, pois à parte o primeiro set, Murray ofereceu pouca resistência em quadra. O escocês, também de 29 anos e número 2 do mundo, e que disputava sua primeira final no saibro parisiense, se mostrou frustrado, mas também fair play ao elogiar o desempenho de seu adversário:

– O que ele (Djokovic) alcançou nos últimos 12 meses é fenomenal. Vencer os quatro Grand Slams em um ano é uma conquista impressionante. É algo muito raro no tênis. Não aconteceu há muito tempo, e levará muito tempo para acontecer de novo. Cada um que veio aqui hoje para assistir isso é extremamente sortudo. Para mim, pessoalmente, estando no lado oposto, é um saco ter perdido a partida – disse, provocando risos do público.

Depois acrescentou:

– Me sinto orgulhoso de ter participado deste dia. Congratulações para Novak.

“Um dos momentos mais lindos da minha vida”, disse Djokovic.
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