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Exposição Irving Penn abre no Grand Palais

Autorretrato de Irving Penn e sua mítica Rolleiflex © Condé Nast

PARIS / FERNANDO EICHENBERG – No centenário de seu nascimento, o fotógrafo americano Irving Penn (1917-2009) recebe a primeira grande retrospectiva europeia realizada após sua morte, aos 92 anos, em 7 de outubro de 2009, em Nova York. A mostra no Grand Palais, em Paris – com inauguração para o público nesta quinta-feira, dia 21, e encerramento em 29 de janeiro de 2018 -, reúne 238 imagens reveladas e copiadas pelo próprio artista, além de uma seleção de seus desenhos e pinturas. A exposição na capital francesa é mais ampla do que a retrospectiva apresentada no início deste ano no Metropolitan Museum of Art (Met), de Nova York, e depois seguirá para Berlim e, no ano que vem, para o Brasil.

A mostra exibe seu trabalho de excelência como fotógrafo de moda em seus mais de sessenta anos de colaboração com a revista Vogue, mas não apenas isso. Lá estão suas naturezas mortas, seus nus, suas séries feita em Cuzco (Peru) e sobre os cigarros, e seus célebres retratos de anônimos e de personalidades da época.

Quando Irving Penn se apresentou em 1957 na residência La Californie, em Cannes, de Pablo Picasso, a porta estava fechada. Mas seu assistente pulou o portão, e o célebre pintor concedeu dez minutos ao fotógrafo. Penn fez várias imagens se aproximando do rosto de Picasso, até isolar seu olhar esquerdo. © Condé Nast
Marlene Dietrich, Nova York, 1948 © The Irving Penn Foundation.

Irving Penn adquiriu sua primeira Rolleiflex em 1938, enquanto trabalhava como assistente na revista Harper’s Bazaar, aparelho que utilizou por cerca de seis décadas. Ao longo dos anos, desenvolveu um aperfeiçoamento constante e meticuloso em sua arte de fotografar. Alexandra Catiere, fotógrafa que foi sua assistente em 2005, relembrou: “Mister Penn chegava todas as manhãs na mesma hora. No estúdio, não havia música, a atmosfera era calma, silenciosa, um pouco monástica. Tudo era feito no respeito ao trabalho. Servia-se o café sempre da mesma forma, nas mesmas taças. Durante as fotos, tomava todo seu tempo, exigente, e literalmente esculpia seus modelos. Para a iluminação, utilizava meios simples, além da luz natural. Seu pai foi relojoeiro e consertava relógios. Sua atenção aos detalhes vem, sem dúvida, daí”.

Entre 1953 e 2004, Penn fez fotos para 65 capas da Vogue, mais do que qualquer outro fotógrafo até hoje. Uma das mais famosas é a do meio, de 1950, composição em p&b da modelo Jean Platchett. 
As doze modelos mais fotografadas, Nova York, 1947. Nesta imagem encomendada pela Vogue, Penn conheceu a modelo Lisa Fonssagrives (no meio, de perfil), com quem se casaria três anos mais tarde, em Londres.
Luva e sapato, Nova York, 1947 © Condé Nast.
Truman Capote, Nova York, 1965 © The Irving Penn Foundation
Salvador Dalí, Nova York, 1947 © The Irving Penn Foundation.
Ingmar Bergman, Estocolmo, 1964 © The Irving Penn Foundation.
Alfred Hitchcock, Nova York, 1947 © The Irving Penn Foundation.
Audrey Hepburn, Paris 1951 © The Irving Penn Foundation.
Anaïs Nin, Nova York, 1971 © The Irving Penn Foundation.

Entre 1949-50, Penn se dedica a sua série de nus, em seu desejo de fotografar “mulheres reais em situações reais”, sem o filtro da moda. As imagens não suscitaram nenhum interesse em 1950, e só chamaram a atenção do público quando foram exibidas no Met, em 2002.

Nu n° 72 
Nu n° 58
Nu n° 43

Sua série sobre os cigarros, de 1972, também não foi compreendida pelo público. Sua intenção ao fotografar baganas recuperadas nas sarjetas e calçadas era revelar a singular relação dos indivíduos com os cigarros.

Cigarro n° 123, Nova York.
Cigarro n° 37, Nova York.
Boca (para L’Oréal), Nova York, 1986 © The Irving Penn Foundation.

A imagem abaixo revela a cortina de cena usada por Penn como fundo para suas fotografias de estúdio em Paris, no final do verão de 1950. O fotógrafo levou o material para Londres e depois para Nova York,  e o utilizou por cerca de cinco décadas.  As manchas e defeitos surgidos com tempo acabaram sendo usados como recursos em suas fotografias.

A exposição integrará a programação cultural da “Nuit Blanche” parisiense, em 7 de outubro, com entrada gratuita das 20h até à meia-noite.

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