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Oscar, born to be Wilde

Oscar Wilde fotografado por Napoleon Sarony, em 1882. © Biblioteca do Congresso dos EUA

FERNANDO EICHENBERG/ZERO HORA

PARIS – “A melhor maneira de livrar-se de uma tentação é ceder a ela”. “Viver é a coisa mais rara do mundo; a maioria das pessoas se contenta em existir”. “Há duas tragédias na vida: uma é satisfazer seus desejos, e a outra é não satisfazê-los”. “Dizer que um livro é moral ou imoral não tem sentido; um livro é bem ou mal escrito”. “Democracia: a opressão do povo, pelo povo e para o povo”.  “Quando os deuses querem nos punir, eles atendem as nossas preces”. Quem já não leu ou ouviu uma destas máximas? As espirituosas sentenças e aforismos se reproduzem às dezenas pela pena do escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900), de quem se diz que hoje seria um incansável fraseador do twitter de 140 caracteres. O dândi provocador, esteta, crítico de arte, dramaturgo e autor de poemas, contos, ensaios e de um romance é atualmente tema de uma inédita exposição no Petit Palais, em Paris.

Desde sempre admirado na França, Wilde até hoje nunca havia sido celebrado por meio de uma mostra no país. Seu bisneto, Merlin Holland, deu sua versão, em uma entrevista, para esta lacuna: “Enquanto em 1900, a Inglaterra vilipendiava meu bisavô, que O Retrato de Dorian Gray era condenado ao desprezo por apologia da homossexualidade, e que Salomé era acusado de encorajar o incesto e a necrofilia, Wilde era adulado na França e em toda a Europa. Para os franceses, em particular, ele foi rapidamente incluído no panteão das grandes figuras literárias. O que explica, aliás, que tenha levado tanto tempo para se montar esta exposição em Paris! Não parecia necessário”. O Petit Palais levou dois anos para organizar o aguardado evento, batizado de “Oscar Wilde, o impertinente absoluto”. O percurso coloca em perspectiva a escrita do personagem e seus objetos pessoais com obras que o influenciaram, num total de cerca de duzentas peças coletadas em todo o mundo. A visita debuta com o artista do barroco italiano Guido Reni (1575-1642) e sua obra-prima “São Sebastião” (1615), tela que raramente deixa o Palazzo Rosso de Gênova e é exposta pela primeira vez em Paris. Em 1877, Wilde se extasiou com o “ideal de beleza” da pintura, e em seus últimos anos na capital francesa adotou o pseudônimo Sebastian Melmoth, em homenagem ao padroeiro.                           “São Sebastião”, de Guido Reni / Reprodução.

Há também a célebre série de retratos feita pelo fotógrafo Napoleon Sarony, quando Wilde desembarcou em 1882 em Nova York, para uma turnê de conferências no país sobre o Renascimento inglês nas artes. Paris acolheu Oscar Wilde após ele ter cumprido uma pena de dois anos de cárcere com trabalhos forçados na Inglaterra vitoriana, acusado de imoralidade. Morreu na manhã de 30 de novembro de 1900, aos 46 anos, doente e arruinado, em seu quarto no L’Hotel, no número 13 da rua des Beaux-Arts (onde também se hospedaram Jorge Luis Borges, Jim Morrison ou Serge Gainsbourg), e hoje descansa em seu visitado túmulo no cemitério Père-Lachaise. A exposição permanecerá aberta até 15 de janeiro de 2017.                        A suíte Oscar Wilde, no L’Hotel. © L’Hotel

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