FERNANDO EICHENBERG
PARIS – Certa vez, perguntado sobre que personalidade, morta ou viva, gostaria de encontrar por apenas uma hora, Michael Jackson respondeu: Michelangelo. “Sempre pensei que era o artista mais fabuloso, e eu amo arte. Penso que se pudesse encontrar alguém do passado, seria ele. Acredito que entendi o que ele queria dizer e fazer, mesmo que tenha sido criticado. Era um verdadeiro artista. Teria gostado de sentar e conversar com ele”, disse. Amante e colecionador de arte – do barroco italiano ao universo de Walt Disney, passando por Degas e Norman Rockwell, entre tantos outros -, Michael Jackson não escondia sua predileção por Michelangelo, inclusive recorrendo com frequência à citações do gênio italiano do Renascimento: “Sei que o criador partirá, mas sua obra sobreviverá. Por isso, para escapar da morte, procuro acorrentar minha alma ao meu trabalho” era uma de suas preferidas. Em suas turnês europeias, o ídolo pop não perdia oportunidades para fazer visitas privadas na Capela Sistina, na Galleria degli Uffizi, no Museu do Louvre ou no Castelo de Versalhes.
Em “Michael Jackson: On the Wall” (referência ao álbum Off the Wall, de 1979), exposição que abre nesta sexta-feira (23/11) no museu do Grand Palais, em Paris, o ícone e celebridade mundial, uma das personalidades culturais mais influentes do século XX, morto de uma overdose acidental em 2009, se torna ele próprio um objeto de arte. A mostra, apresentada anteriormente em Londres, na National Gallery (de junho a outubro passados), reúne 121 obras, dos anos 1980 até hoje, de cerca de 40 artistas das mais variadas nacionalidades que se inspiraram das várias facetas icônicas do músico, cantor e dançarino para suas criações, entre pinturas, esculturas, fotos e instalações de vídeo. Segundo o curador Nicholas Cullinan, a ideia foi abordar o impacto e a influência de Michael Jackson no mundo da arte contemporânea.
A mostra permanece no Grand Palais até 14 de fevereiro e depois seguirá para Bonn, na Alemanha, e Espoo, na Finlândia.