FERNANDO EICHENBERG / ZERO HORA
PARIS e BRUXELAS – Quando, na manhã de 7 de janeiro de 2015, fui alertado por flashes no telefone celular de um tiroteio no bairro da Place de la Bastille, não imaginava que logo depois estaria diante da sede do jornal Charlie Hebdo, testemunha do terror que se estenderia por mais dois dias e provocaria um total de 17 mortes na região parisiense. Na noite de 13 de novembro passado, quando me preparava para sair à rua, para festejar o aniversário de um amigo em um bar, mais uma vez alertas celulares anunciaram tiroteios na cidade, e naquela hora também não poderia pensar que minutos depois estaria nas proximidades da casa de shows Bataclan, e que só retornaria para casa depois das 4h de uma trágica madrugada de saldo de 130 vítimas da violência terrorista. Na última terça-feira, despertei com as notícias das explosões em Bruxelas, e tive apenas o tempo de jogar algumas roupas em uma maleta para estar na estrada a caminho da capital belga, palco de mais uma sangrenta ação do Estado Islâmico, que ceifou a vida de mais de 30 pessoas. As tragédias se sucedem com certa facilidade e ousadia assustadoras, em uma Europa aterrorizada e impotente diante da ameaça terrorista – sem falar nos recentes atentados realizados na Turquia ou em solo africano.
“Quando e onde será o próximo ataque?” é a pergunta que ecoa no rastro das mortíferas detonações e das rajadas de Kalashnikov.
Em Bruxelas, o bairro de Molenbeek é considerado epicentro do jihadismo europeu. Por entre seus 96 mil habitantes, 60% de origem muçulmana, transitaram os principais atores dos ataques de Paris e de Bruxelas. Moradores estão fartos da celebridade alcançada por nefastas façanhas.